sexta-feira, 23 de outubro de 2009

Procurando Luciana

Procurando Luciana é um blog onde uma pessoa busca, de forma sensível e linda, notícias sobre a irmã que está desaparecida. Divulgue!

terça-feira, 20 de outubro de 2009

Para Marina

Se Caymmi soubesse o quê hoje eu sei, não se aborrecia e nem se zangava com a pintura de Marina. Pois Marinas que são morenas vêm com blush de nascença, coloridas de fábrica.

E foi assim que veio essa daqui: cor-de-rosa (por isso, não provoque). Mede pouco mais de dois palmos e é a maior pessoa que já vi, capaz de preencher todos os espaços disponíveis e indisponíveis, alterar rotinas e horários, trocar o dia pela noite, pegar pela mão, de uma só vez, mamãe, papai, avós, titias... e deixar todos ali, à sua volta. “Parem de babar e me deixem dormir”.

Pra completar, o artista celeste que lindamente pintou Marina tratou de dar-lhe logo dois olhinhos brilhantes, tais quais os brinquinhos já ganhados. Seus olhos são da esperança o recado. Fitam-nos (sim vovó, eles fitam) como se dissessem: “ei, vocês que tanto choraram. Vocês que maldisseram os deuses e esqueceram que tudo é renovação, um eterno começar. Eis-me aqui”.

E assim, colorida, pequenina-grande e brilhante, Marina inunda nossa vida de amor.

terça-feira, 22 de setembro de 2009

Moralismo tira comercial do ar

Foram tantos os protestos conservadores que as Havaianas tiraram do ar o comercial com a vovó aconselhando a neta a fazer sexo casual com o Cauã Reymond. Vale lembrar que o ator é praticamente casado com a Grazi ex-BBB. O que essa gente queria? Que a avó aconselhasse a menina a se tornar amante, desse o golpe da barriga e obrigasse ele a largar a mulher?


Da Índia ao Leblon


Nem bem enxugamos as lágrimas derramadas por Maia e Raj, já desembarcamos no Leblon de Manoel que agora se chama Búzios (are baba!). Acontece tanta coisa nessa nova novela que, para quem estava acostumado com o ritmo slowmotion anterior, fica difícil acompanhar. A Helena – que ainda não sabemos se gostamos porque Taís Araújo é linda de morrer ou se detestamos porque toda Helena é uma chata resolvida – já até casou com o Zé Mayer. A questão é que a alegria da novela vem sendo a personagem cômica de Aline Morais. Reservado para ela, no entanto, está um acidente que a deixará paraplégica. Saco!! A megera divertida incorporará a personagem-drama-central-da-novela-sonho-de-toda-atriz. Onde estão as lamparinas do juízo do Manoel? É por isso que tenho uma professora que diz que a melhor invenção da humanidade é o controle remoto.

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

Disney compra (destrói) Marvel


Gente!!! Só hoje fiquei sabendo que a Disney comprou a Marvel!! Sabe o que isso significa? Que a qualquer momento o Wolverine pode aparecer cantando com cara de imbecil enquanto segura um passarinho.

quarta-feira, 26 de agosto de 2009

6 coisas que me sinto à vontade pra fazer depois que o Sarney foi inocentado

1 - Subornar o guardinha pra não levar multa e não me achar corrupta por isso;

2 - Não saber nem o nome das pessoas que receberem meu voto nas últimas eleições;

3 - Pular as páginas de política do jornal indo direto pra horóscopo e resumo das novelas;

4 - Na hora do horário eleitoral assistir aos episódios repetidos de Supernanny;

5 - Achar e dizer que político é tudo igual e que o melhor mesmo seria fechar o congresso e o senado;

6 - Trocar meu voto por cesta-básica (será que dá pra negociar convites para shows?).

sexta-feira, 21 de agosto de 2009

Beautiful

Quarta-série do ensino primário. Tenho minha primeira e única experiência como editora, redatora, revisora e ilustradora de um jornal. Chamava-se Beautiful, era escrito com canetinha hidrocor e xerocado no escritório do meu tio. O nome de salão de beleza de subúrbio era fruto dos conhecimentos recém adquiridos no cursinho de inglês (e da dominação imperialista ianque, claro).

Exemplo de imprensa marrom, Beautiful tinha tirinhas recortadas de revistinhas e publicadas sem autorização, piadas de gosto duvidoso e a esperadíssima sessão de fofocas. Nela, eu revelava, basicamente, quem gostava de quem, causando alvoroço na meninada (aliás, “alvoroço” é um nome ótimo pra revista de fofoca, né?). O jornal durou apenas três edições. A publicação acabou antes que eu perdesse todos os meus amigos ou apanhasse na saída.

Hoje, faço listas de coisas bizarras e dou minha opinião sobre o Sarney e a Juliana Paes em um blog lido por cinco pessoas. Nunca mais escrevi algo que causasse alvoroço.

segunda-feira, 17 de agosto de 2009

Dia do Pão de Queijo?


Não foi o Tancredo e muito menos o seu netinho Aécio (ou seria o seu neto Aecinho?). O povo que tanto o ama não opinou e nem mesmo as antigas quituteiras mineiras foram consultadas. Quem determinou que hoje, dia 17 de agosto, é o "Dia do Pão de Queijo" foi a jornalista e apresentadora paulista Ana Maria Braga.

Em terras mineiras, pão de queijo é assunto sério. Não deve ficar sendo tratado em conversa fiada (e com um boneco de papagaio falante no meio). Lembro que, a última vez em que Minas e São Paulo se indispuseram, Getúlio Vargas conquistou o poder (ler no livro de história: República do café-com-leite). Então, Braga, melhor não ficar metendo a colher no tabuleiro alheio.

Em sinal de protesto peço que todos os mineiros não comam pão de queijo hoje. Sei o tamanho sacrifício que é tal pedido, mas lembrem de nossos inconfidentes que enfrentaram a forca e o exílio em nome da liberdade da nossa terra. Ao som de "Ó Minas Gerais, Ó Minas Gerais".

sexta-feira, 7 de agosto de 2009

Senado Show

Assistir à TV Senado está preenchendo os meus dias enquanto não começa (vai demorar muito) o BBB 10. Acho até que a Endemol está por trás do Senado Federal, um dos melhores realities shows de todos os tempos com brigas, intrigas, amores embaixo do edredon e a velha dúvida: quem sai da casa?

Pra quem ainda não viu, a briga de Tasso e Renan foi impagável. Lembrando aos participantes que agressão física significa eliminação do programa (mas roubar é permitido).


terça-feira, 4 de agosto de 2009

Collor & Simon

E o melhor foi a resposta dada por Cristovam Buarque: "Não engula nada, senador Simon". Ou seja, Cristovam acha que é melhor cuspir.

sexta-feira, 31 de julho de 2009

Sandy new generation


Virar protagonista da novela das oito fez com que Ju Paes passasse a perseguir o título de nova Sandy brasileira (o cargo está vago, já que a própria Sandy nem é tão Sandy mais). Nada de bundona de fora e minúsculos biquínis. No seu desespero de parecer uma moça-bege-séria-de-família, a ex-gostosa apelou perdeu e entrou com um processo contra o colunista José Simão que, brincando com a personagem Maya, disse que Ju não é nada casta. Diferente de mim, o juiz não rolou de rir e pensou que fosse piada. Ele proibiu Simão de falar de Sandy, quer dizer, de Ju. Are baba!

OBS.: a fotinho aí de cima é pra provar que até cara de Sandy a danada já tá treinando

terça-feira, 28 de julho de 2009

Vingança

"Ministério pede multa de R$ 300 milhões a Oi/Brasil Telecom e Claro" foi a manchete de hoje do UOL. O motivo? Danos morais à sociedade. Como me incluo entre os lesados pela Oi (junto com 57% dos que procuram o Procon), essa notícia teve o saboroso gostinho da vingança.

A Oi já me irritou de todas as formas, entrando para a lista dos meus ódios eternos (junto com o Bush e o Sarney). Uma atendente uma vez me vendeu um plano que era muito bom, não fosse o simples detalhe que ele não existia. Descobri pela fatura. Há dois meses tento sair da Oi e virar uma net - skavurska - mas a linha cai sempre que menciono a palavra "cancelamento".

Hoje, pelo menos, não me sinto mais sozinha. Mais da metade dos indignados do país está comigo.

quarta-feira, 22 de julho de 2009

A Folha merece Lucas? ou Finalmente: a resposta

Liguei para o ombudsman da Folha e Lucas atendeu. Trabalha no departamento. Contei toda a minha saga em busca de uma explicação e ele – rufem os tambores – me deu. No nosso bate-papo de dez minutos, Lucas me brindou com um depoimento tão honesto (e melancólico) que gostaria de reproduzi-lo aqui:

“Minha senhora, sempre que perguntamos isso do Sarney a direção de redação diz que a Folha é pluralista. Dá espaço para diversas opiniões. E olha, creio que ele não vai sair tão cedo. Eles também não costumam responder sobre isso e esse é o assunto que mais gera reclamações e manifestações aqui no departamento. O ombudsman não tem força pra tirar ninguém do jornal (suspiro)”.

É isso: eles dão uma desculpa fuleira e, apesar de ser o tema que mais incomoda os leitores, não querem nem saber.

Queria ver Lucas na propaganda da Folha que diz “a verdade acima de tudo”. Queria ver Lucas na diretoria de redação do jornal. Sarney, certamente e finalmente, estaria fora da Folha.

terça-feira, 21 de julho de 2009

Fora da Folha Sarney II: a missão


No dia 17 de julho, a Folha de S.Paulo trazia mais um texto de José Sarney: “guerra virtual”. O senador não estava se referindo à guerra travada contra ele nos blogs e twitters. Era mais um texto bege. Enquanto isso, eu esperava ansiosa pela resposta dos editores do jornal. Recapitulando:

Dia 03 de julho: encaminho um e-mail para o ombudsman do jornal querendo saber por que o Sarney é colunista e se essa situação irá se manter;

Dia 06 de julho: Elaine de Almeida, do controle de qualidade de serviços, me manda um e-mail dizendo que minha mensagem deve ser enviada a Editoriais;

Dia 10 de julho: mando o e-mail para editoriais@uol.com.br;

Hoje, dia 21 de julho: sem respostas, entro em contato com o Serviço de Atendimento ao Assinante. Pergunto pela minha resposta. “Qual era a pergunta?”. “Se o Sarney vai continuar escrevendo pro jornal e por qual motivo”. “Um momentinho”. Aí a atendente me avisa que eu tenho que entrar em contato com o ombudsman!! Anoto novo telefone: 08000-159-000. Ligarei amanhã.

A quem possa interessar, o e-mail que foi para os editores.

Prezados editores da Folha de S.Paulo,

Há alguns dias, entrei em contato com Ombusdman do jornal e me foi informado que meu e-mail deveria ser direcionado a vocês. Não compreendi o motivo. De qualquer forma, escrevo com esperanças de obter uma resposta transparente e corajosa.

A presença do Sarney como colunista da Folha é um ultraje e depõe contra a integridade do jornal, como já havia alertado Alberto Dines em texto publicado, em abril deste ano, no Observatório da Imprensa. Em face dos novos acontecimentos, essa situação é insustentável e bizarra. De um lado, o jornal se posiciona contra o senador por meio de seus editoriais. Na página seguinte, o mesmo senhor, antes atacado, tem um espaço para escrever o que bem entende.

A Folha não responde pela opinião do Sarney expressada de forma velada em seus textos. Ela não pode, no entanto, se eximir do fato de que concede espaço para que ele se expresse. Espaço, aliás, nobre.

A situação torna-se ainda pior diante do fato de que Sarney é um escritor medíocre, com textos totalmente dispensáveis.

Bom, peço que me respondam se essa situação irá se perpetuar e por qual motivo. Aproveito para copiar alguns amigos também interessados. Podem mandar a resposta com cópia para todos.

Atenciosamente,

Júlia Moysés
(leitora, assinante, jornalista e brasileira)

Florianópolis contra artistas


Já perceberam o potencial que leis municipais têm para serem estapafúrdias? As que eu mais adoro são as que proíbem raves para evitar o consumo de drogas, como se já não existissem leis para coibir o consumo de drogas, seja em raves, congados ou batizados.

Florianópolis, no entanto, superou todas as babaquices e proibiu que artistas de rua trabalhem em semáforos, alegando que são, em sua maioria, estrangeiros que estão ilegais no país. Mas já não existem leis contra imigrantes ilegais?

Acho que o secretário do Meio Ambiente e Desenvolvimento Urbano, José Carlos Ferreira Rauen, e o prefeito, Dário Berger (do PMDB - só podia) não têm o que fazer. Melhor seria se fizessem uma rave ou fossem descolar uns trocados no sinal...

segunda-feira, 20 de julho de 2009

O Menino

Para o dia do amigo, um textinho antigo que escrevi pensando nos meus queridos amigos e em seus meninos:

Dentro de mim mora um menino. Não me refiro à lembrança tenra da aurora habitando o meu coração. Este vive nas minhas entranhas, mais ou menos entre o útero e o estômago. Trata-se de um moleque daqueles bem levados e sardentos.

O menino que em mim mora é do tipo que leva a mãe a comentar com as amigas: “não sei mais o que faço com esse menino”. É um menino de boletim vermelho e bochechas grandes, calças curtas e idéias mirabolantes, que perturbam a professora e a vizinha.

Ainda não consegui descobrir qual a fórmula para despertá-lo, mas pressinto quando ele irá surgir e abalar minha imagem de mulher sensata. Desconfio que ele consegue enxergar pelo meu umbigo e, ao se deparar com uma travessura irresistível, age sem que eu nada possa fazer.

Em diversas ocasiões, já tentei me explicar: “Olha. Não fui em quem disse isso. É que dentro de mim mora um menino muito mal-criado. Foi ele quem fez esse comentário totalmente inapropriado. Eu seria incapaz”. Nunca houve, porém, um ouvinte ofendido que acreditasse em mim. São poucas as pessoas que servem de morada para um menino.

Eu consigo identificar quem também tem um menino desses incorrigíveis dentro de si. Na verdade, é o meu menino (digo meu, mas não o comprei. Foi ele quem me escolheu) que reconhece e sussurra. “Tá vendo aquela pessoa? Ela também tem um menino dentro dela. E digo mais: ele é uma peste. Podemos ficar amigos?”. Eu resisto. Mas ele insiste tanto... Acabo cedendo. Sempre nasceram aí, amizades loucas, incondicionais e eternas.

domingo, 19 de julho de 2009

Em Milão

Tenho uma tia que é minha relações públicas (não oficialmente porque RP precisa de diploma). Ela divulgou esse endereço pra todos os seus contatos e eu morri de vergonha. Sabe a tia que te chama na sala cheia de visitas e diz: “meu sobrinho dança que é uma beleza, querem ver? Dança Jaime. Dança pra titia ver”? Mas é aquela vergonha meio orgulhosa porque quem tem blog é igual a quem dança: aparecido.

Essa minha tia é chique que dói (acho “que dói” muito bom. “Que dói” é o “pra caralho” singelo) e foi passar o seu aniversário em Paris. Mandou um e-mail para as mulheres da família relembrando a viagem que fizemos juntas para a Europa. “A primeira vez a gente nunca esquece”. Além de descortinar para mim, menina disneylândia, um mundo novo (mais conhecido como “velho mundo”), a Europa me consagrou na família como a “rainha das manotas de viagens”. Mas como esse espaço é meu, aproveito aqui para me vingar da titia contando um fora dela:

Titia pára em uma barraquinha que vendia chá gelado em Milão. Os sabores: limão e laranja. Ela pede um. O vendedor pergunta “lemon?”. Ela, mais do que depressa: “No. Brasileira”.

segunda-feira, 6 de julho de 2009

Palavrão


Disseram-me que o Berê tem uma linguagem chula. Que escrevo muito palavrão. Deve ser porque os falo pouco. Mas o palavrão tem um motivo de existir, não tem?

Imagino que estavam as palavras, carregadas de sentido que pegaram (alguns também são deixados) em sua longa caminhada, mas não conseguiam descrever, por exemplo, uma coisa demasiadamente boa. Juntaram “boa” e “demais”, “muito” e “boa” e até o próprio “demasiadamente”. Não funcionou. Foi aí que inventaram o “pra caralho”. Porque nenhuma coisa é tão boa até ela ser “boa pra caralho”. E por aí vai.

Um dia, o “cretino” foi chamado de “filho da puta”. Todos se entreolharam. Era isso! “Filho da puta”. Que também pode ser substituído por “grande filho da puta”, ou melhor, “grande filho de uma puta” que, convenhamos, é muito diferente de xingar de mau caráter.

Mais uma: merda. “A festa estava ruim”, pode até encorajar um “será?”. Já “a festa estava uma merda” é definitivo, indiscutível. Significa que a festa estava ruim pra caralho.

Enfim, tem coisas que palavras pequenas e médias não dão conta. Tem coisas que, desculpem-me, pedem um palavrão.

sexta-feira, 3 de julho de 2009

Fora da Folha Sarney!

Que o Sarney é um cretino, todo mundo, menos o Maranhão, sabe. Mas, além de cretino, o Sarney também é tão bom escritor quanto o Faustão é bom em brincar de vaca amarela (aquela que não pode falar). Mesmo assim, o cara é um highlander da Academia Brasileira de Letras e colunista do jornal Folha de S.Paulo. Será que não tinha alguém mais qualificado interessado em escrever no maior jornal do país? Será que o Sarney já não tem veículos de comunicação suficientes para se expressar? Lanço aqui a campanha: Fora da Folha Sarney! Ou seria melhor: “Cancelem suas assinaturas”?

quinta-feira, 2 de julho de 2009

Fora Sarney!

Tenho tanto nojinho do Sarney que não queria falar sobre ele, mas não tem jeito. Estou muito ansiosa pelo sai-não-sai e torcendo para que ele – carregando tudo o que representa de pior na política brasileira – seja enxotado. Nesse caso, sou a favor de “chutar cachorro morto”. Mas, até agora, quem foi chutado foi o Danilo Gentili, repórter do CQC. Pra quem não viu:



Para quem também está indignado: www.forasarney.com

Operação Abafa


Assistindo ao final da Copa do Brasil (tô de bobs), lembrei do bafão “Gornaldinho e os travestis”. Acho, no entanto, que só eu me lembro o que é, no mínimo, curioso.

As torcidas de futebol não perdoam. Quem não se lembra do “ô amaral, ô amaral, a sua japonesa tá sentada no meu pau” (substituir aqui por pintinho, mas aí não rima)? A principal tônica dos xingamentos contra o adversário é a homofobia (não agüento mais o “ô fulano, viado”. Que falta de criatividade). E a torcida do Palmeiras – só para citar a principal rival o time do Fenômeno – com esse “prato cheio” na mão não fez nenhuma brincadeira, musiquinha, piadinha...

Duvido muito que o senso de respeito à vida privada tenha, finalmente, chegado à pátria de chuteiras. É verdade que parte do mérito vem do carisma de Gornaldinho que, ao mesmo tempo é tão maravilhosamente fantástico e tão humanamente falível. Mesmo assim, não resisto a uma teoria da conspiração: uma operação-abafa-internacional envolvendo ONU, Nike, CBF e Patrícia Poeta. Será?

terça-feira, 30 de junho de 2009

Enfim, Joana e Rodolfo


E o menino que gosta do palco encontrou a moça que só quer ficar na coxia. E descobriu que seu sorriso doce é longe de ser bobo e, por isso, melhor andar na linha. Logo, percebeu que ela é de poucos, mas de grandessíssimos amigos e que é capaz de tudo, “de um tudo”, por aqueles que ama. Com um beliscão, ficou sabendo que ela não tem ciúmes da vizinha, mas ele que não ouse olhar para a Aline Morais. No pacote, notou que vinha junto uma irmã que lhe mandaria pro sofá, mas tudo bem. Por uma menina que tem medo de avião, mas pega um helicóptero e vai para o alto mar, vale à pena. E o menino que gosta do palco encontrou na moça da coxia sua mais entusiasmada platéia.

Enfim, Naninha e Seu Dedé


Foram as tias de mãos habilidosas que, de madrugada, tudo prepararam. Flores brancas, folhas verdes, velas e um espírito santo no altar. Quando ela surgiu, linda e travestida de imaculada, (re)significou o sentido da pureza. A vó exigiu e aprovou a benção oficial. Ao se virarem, porém, perceberam que todos os que importavam estavam ali, consagrando-os, como se dissessem “vão que estamos lhes vendo. Se precisarem, gritem”. Os pais, por alguns segundos, tiveram a ilusão de que eles tinham crescido. Depois, lembraram que os filhos não crescem nunca. Teve até quem percebeu a presença de alguém que há muito se foi. A promessa ficou pra irmã e a chuva respeitou sua hora de aparecer. Ela cantou pra ele. Ele, em troca, convocou os deuses do trovão e, de repente, caiu fulô, no céu e na terra. Todos dançaram, giraram, sorriram e celebraram, juntos, o amor.

segunda-feira, 29 de junho de 2009

Rapidinhas do Diploma

- O Fantástico trouxe ontem uma matéria sobre a venda de diplomas. Logo pensei em uma placa para o negócio: "Diploma de jornalista em promoção. Queima total. É pra acabar com o estoque". Ou então: "Compre um diploma de Relações Públicas e leve um de jornalista totalmente gratuito". Sim, RP ainda é uma profissão regulamentada;

- Contribuição do Fernando: sabe qual é a melô do diploma de jornalista? "Você não vale nada, mas eu gosto de você..."

- Gilmar não me decepcionou ao acabar com o diploma, mas deslizou na justificativa. Ele disse "profissão que não afeta a vida das pessoas". Seria melhor ter dito "porque eu quero, pronto acabou, bjo me liga". Vai dizer isso pra galera da
Escola Base pra ele ver. Joaquim vai parecer uma flor de pessoa.

terça-feira, 23 de junho de 2009

Queridos Amigos


Recebi por e-mail uma pesquisa que dizia que em sete anos as pessoas substituem 50% de seus amigos. Me senti estranha. Tenho amigo de longa data, de média data e de curta data. Tenho amigo dos tempos da escola, da faculdade e que fiz no(s) trabalho(s). Tenho amigo-irmão, amigo-demais e só-amigo-mesmo. Tenho amigo que encontro quase todo dia, que encontro semanalmente, mensalmente e quando dá. Tenho até amigo que nunca encontro. Tenho amigo da família e amigo que parece família. Tenho amigo histórico – os clássicos! – amigo por afinidade e amigo só por amizade. Tenho amigo instantâneo, desses que a amizade surgiu na primeira conversa, e amigo que, de cara, eu nem fui com a cara. Tenho amigo de amigo, amigo pra todas as horas, amigo unha e carne e até amigo da onça, mas não tenho ex-amigo (quer dizer, talvez um ou dois). Quando li a pesquisa, me senti estranha, mas profundamente feliz.

Aos meus queridos amigos.

quarta-feira, 17 de junho de 2009

Coisas Bizarras IV


Volta Redonda me inspirou.

16 - Cantar música do Lulu Santos de olhos fechados
As pessoas que fecham os olhos e levantam as mãos em movimento de clamor e cara de sofrimento aos berros de "toda forma de amor, ôuôuô", me assustam. Nada contra Lulu, que com a genialidade e cafonice do hitmaker, é o Latino da década de 80.

17 - Ressaquinha-MG
A cidade chamar Ressaquinha, tudo bem. Mas a matriz chamar Nossa Senhora dos Remédios é demais!

18 - Frases religiosas em caminhões
Liberdade religiosa já! Mas as estradas eram muito mais divertidas quando podíamos ler "feliz era Adão que não tinha sogra" do que agora que lemos "100% Jesus"


quinta-feira, 4 de junho de 2009

Casa noturna será desapropriada para abrigar o Museu da Imagem e do Som

- Você já ouviu falar da Help?
- Aquele puteiro?
- É.
- Já. Uma vez estávamos voltando do samba em uma van clandestina que bateu em um táxi que estava estacionado na porta de lá.
- E aí?
- E aí que o taxista era metido a pitboy e foi pra cima da van tentando dar porrada no motorista. Só que conseguimos fugir.

Puteiro, samba, van clandestina, pitboy, porrada e fugir em um mesmo diálogo. Precisa falar que a Help fica no Rio?

quarta-feira, 3 de junho de 2009

Vou estar me inscrevendo


De um lado, a turma do "altos índices de violência, trânsito infernal e caos urbano". Do outro, o coro do "melhores restaurantes, diversas opções culturais e infinitas oportunidades de negócios". No meio, São Paulo fazendo jus aos seus superlativos.

Desde janeiro, quem está no segundo grupo tem mais um argumento infalível à favor da paulicéia desvairada: os moradores de São Paulo podem se cadastrar para nunca mais - repito: nunca mais - receberem ligações de telemarketing. A bênção é estadual e se dá por meio "Cadastro Estadual para Bloqueio do Recebimento de Ligações de Telemar", uma iniciativa do Procon-SP.

A notícia é velha, mas é que minha irritação com o pessoal do gerundismo chegou ao limite. No início do ano, cancelei a assinatura de uma revista. Foi o bastante para uma mocinha telemarketeira anotar meu nome e telefone em um "post it", colar na tela do seu computador e me ligar dia sim-dia não. Sempre às nove da manhã.

Ao contrário do esperado por ela - me convencer a renovar a assinatura - eu tomei irque da revista. É a contra-propaganda. Sonho com o dia em que conduzirei uma marcha em direção à editora para queimarmos - eu e meus companheiros igualmente ultrajados - exemplares da publicação. Sonho mais ainda com o dia em que poderei, assim como paulistas e paulistanos, me cadastrar em programa similar. Farei como quem compra ingressos para show da Madonna: madrugarei na internet para estar sendo a primeira a estar me inscrevendo.

segunda-feira, 1 de junho de 2009

Coisas Bizarras III

Para começar bem o mês...

14 - Edson, o Pelé

Até onde eu entendi, o Edson virou o Pelé sem deixar de ser o Edson. Ele duplicou. O Pelé pode ser o melhor jogador da história, mas é o cara mais chato do mundo. O Edson é o segundo.

15 - Propaganda da Eparema
Mais alguém reparou no conteúdo sexual dessa propaganda? Tem um cara beijando uma pizza e correndo na praia para abraçar uma coxinha gigante! Sou à favor da liberdade sexual, mas crianças, animais e carboidratos é repugnante.

quarta-feira, 20 de maio de 2009

O tombo de Caetano

Você sabe que é muito foda (substituir aqui por supimpa), bom pra caralho (substituir aqui por caramba), quando leva um tombo, é aplaudido de pé e o vídeo desse momento tem mais de 300 mil acessos no youtube. Pode até ser metido e esnobe...


E aí eu vou pra galera!!!

terça-feira, 19 de maio de 2009

Com esnobar* e afeto

Nunca consegui gostar de um quibe como gostava do da vovó. Hoje, percebo que essa não era uma preferência meramente gastronômica. O quibe da vovó e tudo o mais que ela cozinhava – um amplo e delicioso cardápio árabe-brasileiro – vinha acompanhado de um ritual. Acordava aos finais de semana e logo percebia, pela atmosfera, que vovó estava na cozinha. Não era necessária a confirmação do olhar, pois toda a casa se entregava àquele momento.

Quase posso sentir as mãos delicadas, rápidas e levemente molhadas dando vida ao alimento, ver a toquinha azul usada para esconder os inconvenientes fios de cabelo e escutar o som baixinho da risada de rosto inteiro. A lembrança é tão nítida que a chega a ser um alento para a saudade que é, até hoje, dilacerante. Tenho medo de que ela se borre um dia.

Cozinhando, vovó demonstrava pela família todo o carinho que seus modos discretos escondiam. Se Sazón a descobrisse, fazia dela sua garota propaganda. A risada, a toquinha, as mãos... agora percebo que era tudo uma espécie de magia, feitiço mesmo. Tudo só com esnobar “que quibe árabe não tem essas bobagens que eles colocam aqui no Brasil”.

Nos domingos da minha infância, era quibe, primas e Trapalhões. Na adolescência da rua mais atraente que a casa, era o motivo do retorno: “almoça em casa hoje que vovó vai fazer quibe”. Acredito que nunca conseguirei gostar de um quibe como gostava do da vovó.
*esnobar é uma semente árabe

quinta-feira, 14 de maio de 2009

Até tu Carla?


A crise não é tão forte, a gripe não é tão mortífera e Carla Bruni não é tão perfeita. São as três grandes revelações dos últimos dias. Crise e gripe, ainda bem (apesar de que reviravoltas não estão descartadas), mas Carla me decepcionou profundamente.

Prestes a se tornar adjetivo (“nossa, você está tão Carla Bruni hoje”), a primeira dama da França resolveu mexer os pauzinhos (as perninhas, os olhinhos...) para a aprovação de uma lei estapafúrdia. Ignorando que vivemos na era wireless, os franceses podem ter a conexão de internet cortada por até um ano se forem pegos fazendo download não pago.

Com a desculpa da proteção aos artistas, o que se pretende é salvar uma indústria que parece querer travar a roda da história ao invés de encontrar soluções para acompanhá-la.

Carlinha, vai por mim: disponibiliza seus álbuns na internet e dê o exemplo.

terça-feira, 12 de maio de 2009

Desça do muro


Hoje, dei o conselho: “fique você também em cima do muro”. Logo me arrependi, pois é justamente em cima do muro que está um tipo que detesto: aqueles que não questionam, não enfrentam, não se intrometem. Sempre guiados pelo “pra quê?”, vivem a se justificar dizendo “pra quê brigar?”, “pra quê discutir?”. No fundo, quer dizer, no muro, o que querem dizer é “pra quê defender quem ou aquilo que merece ser defendido se aqui em cima está tão confortável?”. São essas pessoas que sobem no muro e de lá não saem, os pilatos da vida, que permitem que inocentes sejam diariamente “crucificados”. E você? De que lado está?

domingo, 10 de maio de 2009

Coisas Bizarras - A Coleção


Ter começado essa lista gerou uma espécie de obsessão: fico pensando no tanto de coisas bizarras que nos cercam. Agora, além de colecionar frases, propagandas e marcadores de livros, coleciono também "impressões sobre coisas que considero bizarras". Novamente, uma coleção inútil.

Os novos itens da lista são:

10 - Abraçar árvore
Posso até aceitar, relutantemente confesso, que pode vir a fazer um certo bem pra pessoa. Mas, e a árvore? Será que quem tem esse hábito nunca pensou que as árvores ficam lá, paradas, se perguntando constrangidas: de onde eu conheço esse cara?

11 - Kim Jong-il (o ditador coreano)
"Uma imagem vale mais do que mil palavras"

12 - Novela da Glória Perez
É bizarra, mas eu adoro. Are baba!

13 - Namorada bruxa do melhor amigo
Já perceberam a capacidade que os melhores amigos possuem de arrumarem namoradas insuportáveis e ciumentas? Lanço a campanha: "mulheres melhores para os melhores amigos".

E a coleção continua...

sexta-feira, 8 de maio de 2009

Coisas Bizarras

Carol faz muitas listas: coisas a fazer, coisas a comprar, coisas para o futuro. Eu não faço tantas listas, mas vivo cercadas de anotações que um dia ainda irão fazer sentido. Relendo algumas delas, surgiu uma lista estranha, que podemos chamar de “Coisas bizarras que não consigo entender ou com as quais não me acostumo” ou, simplesmente, “coisas bizarras” (novo marcador, é claro!!):

A ordem é aleatória. Tentei ordenar de acordo com o grau de bizarrice, mas foi impossível

1 - Ter um castelo em São João Nepomuceno. Repito: São João Nepomuceno
Desviar dinheiro público: infelizmente, comum.
Baranguice: infelizmente, comum.
Escolher São João Nepomuceno para construir um castelo: bizarro.


2 - Hímen, apêndice e dente do siso
Coisas no corpo que só servem pra tirar. E "dente siso" que chama "dente do siso" e eu só descobri agora!

3 - Pessoas que vão a programa de TV
“E o povo que liga pra assistir aqui, ao vivo, o programa do Jô”

4 - A vida antes do google

5 - Padres-cantores-metrosexuais

6 - O PMDB

7 - Luta Livre

8 - Podólotras
Blarg! E deveriam se chamar "pedólotras", né?

9 - Listas que vão até nove
Mais alguma sugestão?

terça-feira, 28 de abril de 2009

Um dia de fúria


Não sou a favor de acusações sem provas. Não sou a favor de destemperos e desrespeitos. Mas eu adorei a reação de Barbosa (Barbousa!) diante de Mendes. Foi tão possível, tão humano, tão “um dia de fúria”. Concordo que é errado e deve ser evitado – yôga, meditação, caminhada e se nada der jeito, um bom lexotan – mas quem nunca teve vontade de mandar pra PQP (substituir aqui por: tonga da mironga. Para os que são da família: sambar em Madureira) o chefe, o cliente ou qualquer outra pessoa hierarquicamente superior que atire a primeira pedra.

A incompetência disfarçada pelo cargo, o autoritarismo gratuito, a falta de reconhecimento da dedicação, o pagar pouco e ganhar muito ou a simples cara antipática que você tem que ver todos os dias. Muita gente já teve algum motivo para detestar quem estava um (ou mais) degraus acima. Qual será o do Barbosa (Barbousa!)?

Obs.: é lógico que reconheço a existência de chefes competentes, adoráveis, generosos e compreensivos, mas para cada post um assunto.

Obs.: a Veja afirmou que em 200 anos de STF nunca ocorreu um incidente como esse. Trata-se de uma especulação da revista, pois é impossível saber. Há 200 anos, as sessões do tribunal não eram televisionadas.

segunda-feira, 27 de abril de 2009

Menina Flor


Sou fã de dois artistas no mundo: Chico Buarque e Pereira da Viola. Chico é unanimidade nacional e qualquer explicação seria redundante. Pereira, porque me hipnotizou.

Foi há cerca de três anos, quando recebi como missão escrever sua biografia para um site. A infância sendo acordado por folias de reis, o apelido de Zé Nosso, a criação de sacis, o respeito profundo pelas pessoas. Pereira me hipnotizou com o sorriso e me fez descobrir que viola era bom de escutar. Que viola também era pra jovem. Pra brincar de roda.

Pereira me faz, com sua música, ter saudades de uma vida que eu nunca tive, mas que está introjetada nos sonhos de minha alma mineira. Pereira me chamou de Menina Flor e, mesmo tendo total ciência da não exclusividade do codinome, me senti única. Quantas meninas flores você conhece?

Retiro o que disse. Sou fã de Chico Buarque. De Pereira e sua viola, sou seguidora.

A foto foi retirada do Myspace do artista:

quarta-feira, 22 de abril de 2009

Maria Bandinha

Tem tempos que trabalho com cultura e, só agora, me dei conta da existência de uma criatura ainda pior do que o produtor cultural: é a Maria Bandinha. Maria Bandinha é aquela menina que faz o impossível para conseguir o acesso ao camarim e, uma vez lá, porta-se como se fosse íntima de todos. Ela sabe todas as músicas e canta fervorosamente enquanto tira fotos frenéticas. Mas ela não é uma fã. Não se engane. Para ela não basta CDs, fotos e autógrafos. O que ela quer é ser a namorada de um dos músicos, de preferência o vocalista (que ela insiste em chamar de líder da banda). Ela quer ser importante, querida e amada, e quase sempre se refere aos integrantes do grupo como “os meninos”. Se o vocalista é o alvo preferencial, dificilmente alcançado, os outros também servem e aí ela vai passando por todos os instrumentos, como também de uma banda para outra. O esquisitão ignorado na festa de repente sobe no palco e... pronto! O fascínio toma conta e ele passa a ter “um charme todo especial”. É a atração por quem está em evidência, mesmo que momentânea, verificada em muitas espécies animais.

Já eu, sempre gostei mais da turma dos bastidores do que dos holofotes. Na coxia, encontrei grandes amigos e um grande amor.

Uma semana sem escrever aqui. Uma semana escrevendo muito lá: http://www.conexaovivo.com.br/

quarta-feira, 15 de abril de 2009

Obama toma banho


Obama toma banho. Tenho certeza disso. Aquela cara de engomadinho não me engana: ele toma banho frequentemente. Pode ser até duas vezes ao dia. O Bush tenho lá minhas dúvidas, mas o Obama é, definitivamente, uma pessoa que toma banho.

Será que quando o Obama está pelado, sozinho, se lavando como todo mundo se lava - uns mais outros menos -, naquele momento profundamente íntimo, ele não pensa: onde eu fui amarrar minha égua?

terça-feira, 14 de abril de 2009

Revistas de Beagá

De uns tempos para cá proliferam em Belo Horizonte umas revisas destinadas a retratar a vida da high belohorizontina: cerca de 67 pessoas e 5 poodles que freqüentam 8 diferentes lugares (peço aos leitores cosmopolitas que nos respeitem e parem de rir).

Eu não as peço e não as compro, mas elas aparecem por milagre na caixa de correio da minha casa. Aos montes. Já mandei trocar a caixa achando que era defeito, mas de nada adiantou.
A última trazia uma coluna chamada “Giro” (seria um “giro pela high” ou “girando a high”?).

As notas são brilhantes:

“A economista Fulana de Tal nos surpreende. Acaba de se graduar em Administração”

Eu também costumo ficar chocada quando algumas pessoas se formam. Mas se eu fosse essa Fulana de Tal, chamava um amigo que impressionou a todos quando se formou em direito e processava o colunista.

A partir daí a coluna dá a notícia dos partos e, subitamente, nos tira da realidade do dia-a-dia belohorizontino e nos faz sentir em uma verdadeira corte inglesa da Era Vitoriana.

“Mais um bem nascido no pedaço”

“Aquele Outro e Aquela Outra já escolheram o nome de sua primeira herdeira”.

Bem nascido e herdeira não é muito agro-aristocrático? Bem-vindos a Pequenópolis.

segunda-feira, 13 de abril de 2009

SAP


Carol mandou um e-mail dando notícias de sua primeira viagem a Nova Iorque. “As pessoas, os locais, os sons. Tudo é muito nova-iorquino. Nova Iorque é muito nova-iorquina”. O leitor desatento logo pensará que ela foi redundante, mas se engana.
Se o e-mail tivesse sido escrito por uma pessoa menos preocupada em colocar poesia em cada pequeno detalhe, seria dessa forma: “Estou em êxtase. Nova Iorque atendeu totalmente às minhas expectativas. A cidade é exatamente como eu esperava, sonhava e desejava que ela fosse. A viagem está valendo muito à pena”. É isso. Pessoas como Carol às vezes precisam de tecla SAP.

sexta-feira, 10 de abril de 2009

Casal


Por que você está triste?

Não estou triste.

Então por que você está chorando?

Porque você brigou comigo.

Mas eu não briguei com você.

É verdade.Você não brigou.

Então por que você está triste?

Não estou triste.

Então por que você está chorando?

Ah, estou em um dia assim chorosa. Chorando por chorar. Chorando pouquinho e baixinho só pra aliviar dos dias que não chorei. Tem tanto tempo que não choro!

Isso não faz sentido. Por que você não quer me dizer o motivo?

Porque não existe. É um choro sem tristeza e sem alegria. Choro de entrega, choro de caminhada, choro de existir.

Você está de TPM?

Não.


Ela enxuga as lágrimas e desiste de tentar explicar. Ele continua olhando desconfiado e desiste de tentar entender.

quarta-feira, 8 de abril de 2009

"Bate Pri" perde para Maximiliano


A cachorra não ganhou. Já ganhou gay, gay enrustido, pobrinho, falso pobrinho, garanhão, mas cachorra ainda é demais para o “Brasil”, essa entidade que ainda não digere bem mulher que rebola até o chão ficar milionária (a não ser que ela fique milionária rebolando até o chão, sacou?).

E minha avassaladora decepção com a final do BBB (que eu já assumi que assisto desde o segundo post) me fez mudar de lado. Se antes eu defendia o entretenimento voyer, hoje, eu acho uma inutilidade sem sentido. O que existe de tão interessante em ver a vida alheia? Em outros realities shows, como o Supernanny você ainda aprende techniques fajutas e fica se sentindo mais capaz de criar uma criança do que a vizinha que teve cinco filhos e ainda cuidou do sobrinho. Mas e o BBB? Em nove edições eu só aprendi duas coisas: o “Brasil” pensa diferente de mim e sabão em pó mata formigas.

A curiosidade pela vida alheia é o que nos faz colocar a cara pra fora da janela tentando ver o vizinho gritando com o filho. O que pode ser mais ridículo do que isso? Em casos extremos, pode até descambar para crime. Com tanto conteúdo pornográfico disponível na rede, o que levou aqueles caras a colocarem uma câmara escondida no banheiro do um navio? E em banheiro público de metrô também tem gente, como diz o jornalista/apresentador, querendo dar uma espiadinha. Fica aqui a dica: espiar tem limites até para o Boninho. E, por falar em rede, quer um lugar mais impulsionado pelo voyerismo do que a internet?

Bom, vou desde já trabalhar para expurgar essa perversão de dentro de mim e aconselho vocês a fazerem o mesmo. Pelo menos até o BBB 10.

Gente, tô indignada com o Maximiliano achando que o “Brasil” ama ele.

segunda-feira, 6 de abril de 2009

Coisas que coleciono

Tem quem colecione figurinhas, selos, latinhas, carros antigos e até namorados. Já eu coleciono três coisas: frases, propagandas e marcadores de livros. Não me servem pra nada mas, afinal, para que servem as coleções? No fundo não é só pra juntar mesmo? De vez em quando, coleções ganham ares utilitários e são expostas, fazendo com que até museus se formem em volta delas. São raros os casos. Na maioria, as coleções são várias versões de uma mesma coisa, formando um todo inútil.

Ao menos, minhas coleções são adquiridas de forma gratuita. As frases que coleciono podem ser ditas, escutadas, lidas ou pensadas. O meu interlocutor nem desconfia e eu zás: roubo uma frase e coloco em um dos vários caderninhos que me cercam (meus muquitos!).

Quanto aos marcadores, eles me fizeram entrar em um círculo virtuoso. Desde que descobriram que os coleciono, amigos e parentes me trazem de presente de viagem. Isso me torna um fardo a menos: “como é fácil dar presente para ela!”. Assim, sou mais querida, tenho mais amigos e ganho ainda mais marcadores.

Já propagandas eu sempre colecionei (já lancei a sessão “propagandas que coleciono”, muito mais atualizada no twiter). Antes do youtube, porém, guardava-as na memória. Decorava as músicas. Sempre adorei as músicas, até de propagandas que existiram antes que eu existisse. Quem nunca cantou “Voe Vasp. Céu azul, leste, oeste, norte ou sul”, foi mandado para a cama com um “já é hora de dormir, não espere a mamãe mandar”, se divertiu com o gordinho da Honda e seu pijama ou fez pipoca ao som de “pipoca na panela, começa a arrebentar...”. Como colecionadora, afirmo que propaganda para marcar tem que ser extremista, 8 ou 80, fazer rir ou emocionar.

Ainda irei falar das novas, mas não neste post, pois estou saudosista. Talvez escreva uma biografia – minha vida em propagandas.
Como eu disse, coleções são inúteis...

Para relembrar:





sábado, 4 de abril de 2009

O homem do discurso


Deixo aqui minha homenagem a Márcio Moreira Alves que, com coragem e deboche, fez a “gente careta e covarde” da ditadura se borrar tanto que o AI-5 foi proclamado. Um exemplo para todas as pessoas que diante dos abusos cometidos pelos fortes contra os fracos prefere não se envolver.

sexta-feira, 3 de abril de 2009

Manifesto dos Vespertinos


Um espectro ronda o mundo – o espectro dos vespertinos. Todas as potências unem-se numa Santa Aliança para conjurá-lo. Que pessoa que gosta de dormir e acordar tarde não foi acusada de ser vagabunda? É tempo dos vespertinos exporem, à face do mundo inteiro, seu modo de ver, seus fins, suas tendências.

A história de todas as sociedades que existiram até nossos dias tem sido a história da luta de relógios biológicos. A luta entre matutinos e vespertinos. Opressores e oprimidos.

Os matutinos obrigam as nações a adotarem como único horário comercial aquele compreendido entre 9h e 18h. Estabelecem que as aulas devem começar às 7 horas da manhã. Em uma palavra, criam um mundo à sua imagem e semelhança.

Os vespertinos são constrangidos a adotarem, diariamente, horários que agridem cruelmente o seu relógio biológico. Milhares e milhares já tentaram, em vão, adquirir o hábito de dormir e acordar cedo.

Os vespertinos têm o direito de dispor como bem entenderem de suas madrugadas enquanto os matutinos se dão ao direito de dormir. Não se trata de insônia, mas de preferência geneticamente determinada.

Os vespertinos não podem apoderar-se do direito de viver de acordo com sua natureza senão estimulando a criação de serviços 24 horas e de horários comerciais alternativos, das 14h às 22h.

Os matutinos produzem, sobretudo, seus próprios coveiros. Sua queda e a vitória dos vespertinos são igualmente inevitáveis.

segunda-feira, 30 de março de 2009

Bem-vinda

Da porta de casa, escuto a notícia: “eles vão ter uma menina”.

- Coitado! – a exclamação melancólica parece sair da boca da futura bisavó;
- Não estou triste. Só decepcionado – ameniza uma voz masculina;
- Já eu fui competente. Tive um menino – enaltece outra voz masculina um pouco mais alegre;

Apesar dos sons das vozes me serem bem familiares, corro para a sala com a esperança de encontrar a TV ligada na novela clone de O Clone. Infelizmente, constato que o diálogo absurdo não foi pronunciado pelos indianos caricatos de Glória Perez.

De repente, sou tomada de uma sensação de terror e me vem à memória um filme B da década de 80 no qual acontece não-sei-o-quê e as personagens ficam presas em um passado sombrio.

Corro esbaforida, sinto meu coração palpitando, a garganta seca. Abro o jornal e grito aliviada: 2009! Estamos em 2009!

Relembro o diálogo e o alívio, subitamente, se transforma em perplexidade.

A menina que está por vir logo perceberá que, por mais que as aparências enganem, na sua família são as mulheres que mandam. Algumas com jeito, outras com falta de jeito, conseguem que os homens que as rodeiam façam tudo, ou quase tudo, do jeito delas. Ela saberá que, nessa família, teve uma mulher de olhos azuis a quem todos obedeciam e que, hoje, são as sete mulheres (com ela oito) que ditam as regras. Se um dia souber do diálogo acima, olhará para o seu pai babão e que por ela tudo faz e não entenderá nada. Estando nessa família, essa menina vai logo aprender que machismo merece deboche, que as mulheres não são iguais aos homens (e nem melhores, e nem piores) e que são justamente as diferenças que tornam tudo bem mais divertido.

Esse post merece o filme belíssimo que a Lápis Raro fez para o Dia Internacional da Mulher:

quarta-feira, 25 de março de 2009

Depois da Crise

De minha família paterna, herdei o péssimo e inútil hábito de pensar no que está por vir. Às vezes o que vai acontecer ocupa mais minha mente do que o que está acontecendo. Quando o pensamento é ruim, dizem que estou “sofrendo por antecedência”. Se é bom, estou “contando com o ovo no fiofó (adoro essa palavra. Pronunciá-la – fiofó – já me dá vontade de rir) da galinha”.

E, “futuróloga” que sou, já não agüento mais falar de crise – pacotes salva-vidas, ricos menos ricos, pobres mais pobres e manuais dos mais diversos tipos: como sobreviver em tempos de crise, dez coisas para a crise não pegar você, deixe a crise no vizinho. A própria crise gerando o mercado da crise. Enfim, quero saber o que será depois.

Qual impacto essa situação gerará na nossa sociedade? Já conseguiremos perceber mudanças ou precisaremos de um distanciamento histórico para notar as diferenças? Que análise farão as futuras gerações do que somos e do que nos tornaremos?

Enquanto o futuro não chega, faço o que não devo e sonho com ele. Seria imaginar uma forma de me preparar?

segunda-feira, 23 de março de 2009

O PMDB e eu


Gosto de política. Acompanho, leio o noticiário, assisto horário eleitoral. Nesta semana, eu senti vergonha alheia com as propagandas veiculadas pelo PMDB. Uma falava do remoto passado de uma permitida oposição à ditadura, a segunda da importância do partido para a superação da crise (alguém me explica?) e a última (aconselho aos sensíveis a pararem de ler por aqui) diz que o partido está “tomando porrada de tudo quanto é lado” devido à sua magnitude. Alguém dá um chá de sabedoria popular no Temer? Se não tem nada pra falar (ou nada que possa ser dito e, ainda assim, permanecer fora da cadeia) é melhor ficar calado.

Onde estão as explicações sobre os escândalos de corrupção envolvendo os caciques do partido? Diante do silêncio, onde estão os panelaços à la nossos hermanos? (por que Papai Noel ainda não chegou?)

O Brasil é uma pátria de anestesiados, petrificados diante da certeza de que nada adianta, de que gritar só os deixará roucos. O Sarney assume o senado, o Renan volta triunfal, Newtão assume patrimônio bilionário e isso não gera nenhuma comoção. Digo por mim: não marchei, não fiz abaixo assinado, não fiz greve de fome, não gritei e sequer chorei. Nem mesmo pensei nisso após o fim do jornal. Eu sou o retrato desse país mudo. Gosto de política, mas não a ponto de me envolver.
A charge (fantástica, né?) foi retirada do blog

domingo, 22 de março de 2009

Diferenças


Judeus, palestinos, cristãos, muçulmanos, hindus, umbandistas, homossexual, heterossexual, bissexual, pansexual, metrosexual, assexual, negros, brancos, índios, pardos, amarelos, ingleses, chineses, brasileiros, alemães, mulheres, homens, velhos, esquerdistas, direitistas, pobres, ricos e emergentes.

E depois de tudo, a única diferenciação que faz realmente sentido é aquela entre as pessoas que comem trivialmente um biscoito recheado e as que se reservam ao direito de retirar com os dentes a sua primeira camada, raspar seu recheio e, só então, engolir o restante.

sábado, 21 de março de 2009

Dá pra fazer

Tem coisas que só o horário eleitoral gratuito faz por você. Em BH, na última campanha pela prefeitura, foi o bordão "dá pra fazer". Não consigo mais falar que algo é possível sem recorrer a ele e, acredito, muitos belohorizontinos sofrem desse mal.

Eu amo propaganda (bem feita, claro!). Como
há três posts abaixo eu disse que o Ministério da Saúde só faz propaganda "desconectada" tentando incentivar o uso da camisinha (desconectada, nesse caso, é sinônimo de "héin?"), venho aqui provar o meu argumento com propagandas fantásicas sobre o tema garimpadas no youtube (algumas já foram mais do que disparadas por e-mail).

Propaganda boa de camisinha. Isso dá pra fazer.








terça-feira, 17 de março de 2009

Balzaquianas: a pesquisa

Intrigada com o novo marcador que inventei para o blog - balzaquianas - fui pesquisar o que existe sobre o tema na internet. 15 mil resultados no google.

Resultado 1: "Há quem empregue a palavra balzaquiana de forma pejorativa e até negativa. Mas, na realidade, é com 30 anos que as mulheres chegam ao seu ápice: mais maduras, realistas e vividas, elas esbanjam sensualidade e realização". Uma pessoa lê isso, se olha no espelho e pensa: fudeu! (quem se choca com palavrões substitua aqui por "carambolas"). Considerando que tenho 28 anos e não me sinto vivida e nem esbanjando sensualidade e realização, nos próximos dois anos passarei por uma transformação dráaaaastica. São 730 dias pra me encaixar (perceberam que estou com mania de números? Me sentindo o IBGE).

Resultado 2: "Busco através deste blog socializar experiências, saberes, opiniões e curiosidades acerca do universo feminino, nos seus mais variados aspectos". Esse eu pulo. Desculpa colega blogueira, mas ainda não estou pronta para esse tipo de informação.

Resultado 3: "...Honoré de Balzac retrata os conflitos de Júlia d`Àiglemont, uma mulher mal casada, que tem consciência dos problemas que envolvem um matrimônio e que se vê esmagada pelos tabus da sociedade..." Cadê as pessoas que não acreditam em coincidências para dizerem oooooohhhhh? A mulher é minha xará!

Sou Júlia. Me sinto esmagada pelos tabus da sociedade (cada época com seu tabu e nem venham me perguntar quais tabus me esmagam porque a internet não é privê). Só falta eu casar e tomar consciência dos problemas que envolvem um matrimônio!

Resolvo interromper a busca (nota mental: quando fizer uma pesquisa, esteja preparado para os resultados).

Lá vem a noiva


Cheguei à fase dos casamentos. É difícil admitir, mas é a mais pura verdade. Ano passado, dois amigos casaram. Achei que era um saldo bom e que permaneceria assim, mas, neste ano, fui a um casamento e recebi convites de outros quatro. Se continuar nesse ritmo, quando o ano terminar terei ido a 20 casamentos o que significa um aumento de 1.000%. Considerando que existem cerca de 30 pessoas a quem posso chamar de amigo, no meio de 2010 todos os meus amigos já terão casado!

Sim. Sei que estou sendo alarmista, mas é difícil constatar o que a desaceleração do meu metabolismo já indicava. A idade contada em festas: as de 15 anos, as de formatura, os casamentos (onde estou). O que vem depois? Bodas?

No carro, pensando em qual vestido usar no casamento da Cris, coloco o CD do Chico e música vai, música vem, chega “Flor da Idade”. Só pode ser perseguição. A música que fala “aí a primeira festa, a primeira fresta, o primeiro amor...”, me mostrando que envelhecer é ver os “primeiros” serem cada vez mais raros. O que fazemos que é novidade? Não vale comer em restaurante novo. Tô falando daquela novidade que de tão inédita faz a nossa barriga doer de ansiedade. Pois é... Pensando bem, acho que casar deve ser uma novidade bem grande.

Cris e Digo, desejo a vocês tolerância e ternura

segunda-feira, 16 de março de 2009

Pause


Tive um final de semana de boas companhias, bons passeios, muitas risadas e um desligamento necessário do resto do mundo. Durante 48 horas eu não pensei em contas, clientes, ligar pra fulano ou ciclano. Soube por alto as notícias, mas só ontem me interei de Kléber Barbosa da Silva e seu suicídio-infanticídio aéreo e dos últimos números da crise internacional.

Às vezes, é necessário nos colocar, dois dias que seja, em pause. Permitir-se não estar conectado, informado e antenado. Não se trata de uma posição estúpida contra a tecnologia (amo tanto meu laptop e ipod que não preciso de animais de estimação para alegrar a casa), mas de uma constatação que precisamos, em alguns momentos, parar.

O estresse (existe em português) como doença já virou uma questão de saúde pública. Seguem sugestões de campanhas para o Ministério da Saúde:


“Não leia e-mails aos domingos”
“Antes de dormir, desligue o celular”

“Tire férias”

“Não leve jornal para a praia”

Podem ficar mais interessantes do que as “desconectadas” campanhas pelo uso da camisinha.


OBS: Marina reclamou do post Única, dizendo que sempre lê o blog. Agora, já são duas.

sexta-feira, 13 de março de 2009

Em algum lugar do Rio


Ontem, uma amiga alemã foi me visitar. Ela adora o Brasil, mas se sente um pouco deslocada e estranha a cultura local. É a perfeita descrição do que sinto quando estou no Rio. Aqui, sou alemã.

É que mineiros e cariocas são muito diferentes. As montanhas cuidaram para que os primeiros fossem reservados, fechados. O mar, fez de quem nasceu por essas bandas expansivo, "esparramado". Não existe um problema, mas um estranhamento.

Carioca fala o que pensa. Mineiro guarda. Guarda tanto que vira "ite": sinusite, bronquite, faringite... e até coisa bem pior. Sinceridade para mineiro é desrespeito. O dia em que você ver um mineiro fazendo abertamente uma crítica ou reclamação, separa que é briga. Mineiro não reclama nem com fura-fila. Já carioca fala de um jeito que, aos nossos ouvidos, é briga mesmo. Mas quase sempre não é.

Finalizo a filosofia de butiquim por aqui porque tenho que aproveitar o mar.

quinta-feira, 12 de março de 2009

Única


Tenho apenas uma leitora assídua: Maria. Não é a única pessoa que passa por aqui, como o contador aí do lado indica, mas é a única que sei que lê todos os posts (gente que gosta de escrever é tão metida que com uma leitora já fica se sentindo).

Ao ler o que eu escrevo, Maria me transforma em escritora (mediana que seja) e também me faz sentir que escrever aqui é uma grande responsabilidade. Fico culpada quando deixo o blog desatualizado. “Será que Maria já entrou?”.

Estou lendo “Campo Geral” de Guimarães Rosa que não precisa de mim. Se conseguisse escrever uma única linha roseana, talvez também não precisasse da Maria, mas eu não tenho essa ilusão. Se ficasse 80 anos tentando, perderia 80 anos e não sairia uma linha que seja.

Enquanto Maria me agüentar, serei escritora de uma única leitora. Quando Maria se cansar, esse blog não mais existirá.

domingo, 8 de março de 2009

Denunciar Abuso


Os posts abaixo “Por que o susto?” e “Ver pra que?” que, não por coincidência, são questionamentos, me colocaram na mira de um direitista fanático no orkut, o “Sacerdote Anasta Castello Branco”. O perfil é falso (fake na linguagem usada na rede), mas surpreendente. Vale à pena ler o “quem sou eu”, onde ele diz que é um servo do Senhor, admirador do Dops, ataca mulheres e homossexuais e finaliza com “mas esses filhos bastardos não nos vencerão. O senhor está zelando por nós” (rolei no chão). No álbum, fotos da Ku Klux Klan. Vários outros perfis falsos, que não sei se também são gerenciados por ele ou por outros fanáticos, lhe chamam de mestre (alguém chama o master Yoda para nos salvar?)

A tática é intimidar por meio de xingamentos e ameaças de criação de um perfil falso com meu nome e foto. Até o momento, fui xingada de puta e vadia (bocejo, como diz o pessoal do te dou um dado). Nenhum perfil falso por enquanto mas, por via das dúvidas, consultei um amigo da polícia civil que se especializou em crimes pela internet.

Momento serviço de utilidade pública:

Caso seja criado um perfil falso com o seu nome ou foto, ou algum perfil resolva te “atacar” por meio de scraps ou comunidades, será configurado, assim como no mundo real, crime de calúnia, difamação e injúria. O primeiro passo é ir ao “denunciar abuso” do orkut e contar o que ocorreu, ou mandar uma notificação por escrito para os escritórios da Google em São Paulo ou Belo Horizonte. Na seqüência, procure uma Delegacia de Repressão aos Crimes de Informática e faça uma queixa. Você pode também entrar com uma ação na justiça ou ir até o Ministério Público. O Orkut será obrigado a retirar o conteúdo e o cretino, mesmo com o perfil falso, ainda poderá ser encontrado por meio do IP. Não esqueça de juntar as evidências (tratei de dar um print nas páginas antes de apagar os recados).

Darth Vader(s) à parte, o incidente me mostrou o “lado negro” da rede de relacionamentos, onde os crimes vão desde o ataque à honra até racismo, pedofilia e venda de drogas. Pessoas (será?) que se escondem atrás de pseudônimos ridículos para praticarem crimes (sendo que o pior deles é ser patético), infelizmente, estão em toda parte, no mundo real e virtual. O que me pergunto é até onde vai a responsabilidade da própria Google. Pode uma empresa instrumentalizar marginais e lavar as mãos? Limitar-se a aceitar as liminares judiciais é o suficiente?

Considero inaceitável a alegação de que é impossível controlar o conteúdo postado. O Orkut tem cerca de 13 milhões de usuários e nem todos totalmente ativos. Se fosse contratado um moderador para cada 5 mil usuários (creio que seja o suficiente) seriam necessários 2 mil e 600 moderadores. Se cada moderador ganhasse mil reais seriam 2 milhões e 600 mil reais por mês e 31 milhões e 200 mil reais por ano gastos com o controle do conteúdo postado. Portanto, jeito tem. Não tem é interesse.

Até agora, a denúncia que fiz ao Orkut não resultou no cancelamento do perfil. O conteúdo racista, homofóbico e machista de Sacerdote Anasta Castello Branco permanece no ar.