terça-feira, 29 de junho de 2010

Curtas da Tristeza

  • Se, por algum acaso, eu parar de chorar pra fora, acudam! Estarei afogando por dentro.

  • Caso o sol apareça, estenderei na janela minha alma encharcada.

  • Em tão vasto léxico não consigo encontrar palavra que descreva a dor que agora sinto.

Mais agradecimentos ainda:
Às minhas tias Silvana e Eliana pelo aconchego familiar
À Tia Yolanda por sempre sorrir
À Manu pelo carinho, ao Daniel pelo pranto e ao Dan pela visita
Aos meus irmãos e aos meus pais por me amarem

sábado, 26 de junho de 2010

Sala de Espera

A mulher bonita chegou agitada, pois nunca tinha estado ali. Queria saber notícias do noivo. Todos explicaram as regras.

O senhor de terno voltou, novamente sozinho, para visitar o pai que tem mais oito filhos e quase quarenta netos. Todos sentiram pena.

A neném do moço de cabelo trançado saiu do respirador e já está bem melhor. Todos ficaram felizes e pensaram que, por ali, coisas boas também podem acontecer.

A senhora trouxe os netos para verem o avô. “Adoram esse avô! São loucos por ele!”. Eles sairam chorando. Todos ficaram comovidos.

Todos ali não se conhecem. Nunca se viram antes e, provavelmente, não se verão depois. À parte disso, reconhecem-se uns nos outros. Vidas náufragas entrelaçadas pela dor e pela esperança.


Mais agradecimentos:
Às minhas primas por me quererem muito bem
Ao Pedro por me entender
À Aninha por viajar oito horas pra me dar um abraço
Ao Tatá pelo seu amor cartesiano
Ao Manoel de Barros por me ensinar que "sapo é um pedaço de chão que pula"

terça-feira, 22 de junho de 2010

Agradecimento

Estranho. É como o mundo agora me parece. Outro cheiro, outro sabor, as mesmas caras com outras feições. Alguém apertou a tecla de slow motion e eu passei a andar em câmera lenta, a enxergar em rotação desacelerada. Encontro-me naquele estado em que tudo importa menos. Em que tudo é nada. E o nada é aquilo que, agora, acontece à minha volta. Vida interrompida à espera de uma notícia que nem sei se quero ter.

Apesar disso, considero que tenho sorte. Acho que sou a pessoa mais sortuda que existe. Ao meu encontro já marchou todo o “exército da salvação” em forma de telefonemas, mensagens, abraços, colos e cafés. Até em forma de tristeza por não poder estar junto o tanto que gostaria. Caso não obtenham sucesso nesse resgate, aviso de uma vez que, para mim, saber que tentaram já é suficiente. A minha felicidade reside em saber que vocês estão ao meu lado, justamente como eu – apesar de muito pouco ter feito para isso – tinha certeza que estariam.

especialmente para: Leo, Joana, Batatinha, Beta, Carol, Thiago, Paulinha, Flávia, Ana, Cris, Fernanda e Fabiana. extensível a todos os meus amigos.

segunda-feira, 21 de junho de 2010

Leite


Deve ser a lembrança guardada de um tempo em que ficávamos seguros e aconhegados no colo de nossa mãe. Lembrança de quando éramos felizes e alienados - felizmente alienados. Tempo em que comer e dormir era o que nos cabia e tínhamos quem nos alimentava e ninava. Provavelmente, vem daí a nossa ligação com o leite. Para minha avó, leite queimado era remédio de noites insones - para aquecer a garganta, cessando a tosse, ou a alma, cessando o soluço. Agora, que tanto a garganta quanto a alma doem, ardem e suplicam, quem me ama reconforta-me com leite. Leite é colo em sua forma líquida.

terça-feira, 15 de junho de 2010

Busca


Aquilo que urgentemente, fervorosamente e desesperadamente desejo é apenas, e tão somente, me curar de mim.