terça-feira, 28 de abril de 2009

Um dia de fúria


Não sou a favor de acusações sem provas. Não sou a favor de destemperos e desrespeitos. Mas eu adorei a reação de Barbosa (Barbousa!) diante de Mendes. Foi tão possível, tão humano, tão “um dia de fúria”. Concordo que é errado e deve ser evitado – yôga, meditação, caminhada e se nada der jeito, um bom lexotan – mas quem nunca teve vontade de mandar pra PQP (substituir aqui por: tonga da mironga. Para os que são da família: sambar em Madureira) o chefe, o cliente ou qualquer outra pessoa hierarquicamente superior que atire a primeira pedra.

A incompetência disfarçada pelo cargo, o autoritarismo gratuito, a falta de reconhecimento da dedicação, o pagar pouco e ganhar muito ou a simples cara antipática que você tem que ver todos os dias. Muita gente já teve algum motivo para detestar quem estava um (ou mais) degraus acima. Qual será o do Barbosa (Barbousa!)?

Obs.: é lógico que reconheço a existência de chefes competentes, adoráveis, generosos e compreensivos, mas para cada post um assunto.

Obs.: a Veja afirmou que em 200 anos de STF nunca ocorreu um incidente como esse. Trata-se de uma especulação da revista, pois é impossível saber. Há 200 anos, as sessões do tribunal não eram televisionadas.

segunda-feira, 27 de abril de 2009

Menina Flor


Sou fã de dois artistas no mundo: Chico Buarque e Pereira da Viola. Chico é unanimidade nacional e qualquer explicação seria redundante. Pereira, porque me hipnotizou.

Foi há cerca de três anos, quando recebi como missão escrever sua biografia para um site. A infância sendo acordado por folias de reis, o apelido de Zé Nosso, a criação de sacis, o respeito profundo pelas pessoas. Pereira me hipnotizou com o sorriso e me fez descobrir que viola era bom de escutar. Que viola também era pra jovem. Pra brincar de roda.

Pereira me faz, com sua música, ter saudades de uma vida que eu nunca tive, mas que está introjetada nos sonhos de minha alma mineira. Pereira me chamou de Menina Flor e, mesmo tendo total ciência da não exclusividade do codinome, me senti única. Quantas meninas flores você conhece?

Retiro o que disse. Sou fã de Chico Buarque. De Pereira e sua viola, sou seguidora.

A foto foi retirada do Myspace do artista:

quarta-feira, 22 de abril de 2009

Maria Bandinha

Tem tempos que trabalho com cultura e, só agora, me dei conta da existência de uma criatura ainda pior do que o produtor cultural: é a Maria Bandinha. Maria Bandinha é aquela menina que faz o impossível para conseguir o acesso ao camarim e, uma vez lá, porta-se como se fosse íntima de todos. Ela sabe todas as músicas e canta fervorosamente enquanto tira fotos frenéticas. Mas ela não é uma fã. Não se engane. Para ela não basta CDs, fotos e autógrafos. O que ela quer é ser a namorada de um dos músicos, de preferência o vocalista (que ela insiste em chamar de líder da banda). Ela quer ser importante, querida e amada, e quase sempre se refere aos integrantes do grupo como “os meninos”. Se o vocalista é o alvo preferencial, dificilmente alcançado, os outros também servem e aí ela vai passando por todos os instrumentos, como também de uma banda para outra. O esquisitão ignorado na festa de repente sobe no palco e... pronto! O fascínio toma conta e ele passa a ter “um charme todo especial”. É a atração por quem está em evidência, mesmo que momentânea, verificada em muitas espécies animais.

Já eu, sempre gostei mais da turma dos bastidores do que dos holofotes. Na coxia, encontrei grandes amigos e um grande amor.

Uma semana sem escrever aqui. Uma semana escrevendo muito lá: http://www.conexaovivo.com.br/

quarta-feira, 15 de abril de 2009

Obama toma banho


Obama toma banho. Tenho certeza disso. Aquela cara de engomadinho não me engana: ele toma banho frequentemente. Pode ser até duas vezes ao dia. O Bush tenho lá minhas dúvidas, mas o Obama é, definitivamente, uma pessoa que toma banho.

Será que quando o Obama está pelado, sozinho, se lavando como todo mundo se lava - uns mais outros menos -, naquele momento profundamente íntimo, ele não pensa: onde eu fui amarrar minha égua?

terça-feira, 14 de abril de 2009

Revistas de Beagá

De uns tempos para cá proliferam em Belo Horizonte umas revisas destinadas a retratar a vida da high belohorizontina: cerca de 67 pessoas e 5 poodles que freqüentam 8 diferentes lugares (peço aos leitores cosmopolitas que nos respeitem e parem de rir).

Eu não as peço e não as compro, mas elas aparecem por milagre na caixa de correio da minha casa. Aos montes. Já mandei trocar a caixa achando que era defeito, mas de nada adiantou.
A última trazia uma coluna chamada “Giro” (seria um “giro pela high” ou “girando a high”?).

As notas são brilhantes:

“A economista Fulana de Tal nos surpreende. Acaba de se graduar em Administração”

Eu também costumo ficar chocada quando algumas pessoas se formam. Mas se eu fosse essa Fulana de Tal, chamava um amigo que impressionou a todos quando se formou em direito e processava o colunista.

A partir daí a coluna dá a notícia dos partos e, subitamente, nos tira da realidade do dia-a-dia belohorizontino e nos faz sentir em uma verdadeira corte inglesa da Era Vitoriana.

“Mais um bem nascido no pedaço”

“Aquele Outro e Aquela Outra já escolheram o nome de sua primeira herdeira”.

Bem nascido e herdeira não é muito agro-aristocrático? Bem-vindos a Pequenópolis.

segunda-feira, 13 de abril de 2009

SAP


Carol mandou um e-mail dando notícias de sua primeira viagem a Nova Iorque. “As pessoas, os locais, os sons. Tudo é muito nova-iorquino. Nova Iorque é muito nova-iorquina”. O leitor desatento logo pensará que ela foi redundante, mas se engana.
Se o e-mail tivesse sido escrito por uma pessoa menos preocupada em colocar poesia em cada pequeno detalhe, seria dessa forma: “Estou em êxtase. Nova Iorque atendeu totalmente às minhas expectativas. A cidade é exatamente como eu esperava, sonhava e desejava que ela fosse. A viagem está valendo muito à pena”. É isso. Pessoas como Carol às vezes precisam de tecla SAP.

sexta-feira, 10 de abril de 2009

Casal


Por que você está triste?

Não estou triste.

Então por que você está chorando?

Porque você brigou comigo.

Mas eu não briguei com você.

É verdade.Você não brigou.

Então por que você está triste?

Não estou triste.

Então por que você está chorando?

Ah, estou em um dia assim chorosa. Chorando por chorar. Chorando pouquinho e baixinho só pra aliviar dos dias que não chorei. Tem tanto tempo que não choro!

Isso não faz sentido. Por que você não quer me dizer o motivo?

Porque não existe. É um choro sem tristeza e sem alegria. Choro de entrega, choro de caminhada, choro de existir.

Você está de TPM?

Não.


Ela enxuga as lágrimas e desiste de tentar explicar. Ele continua olhando desconfiado e desiste de tentar entender.

quarta-feira, 8 de abril de 2009

"Bate Pri" perde para Maximiliano


A cachorra não ganhou. Já ganhou gay, gay enrustido, pobrinho, falso pobrinho, garanhão, mas cachorra ainda é demais para o “Brasil”, essa entidade que ainda não digere bem mulher que rebola até o chão ficar milionária (a não ser que ela fique milionária rebolando até o chão, sacou?).

E minha avassaladora decepção com a final do BBB (que eu já assumi que assisto desde o segundo post) me fez mudar de lado. Se antes eu defendia o entretenimento voyer, hoje, eu acho uma inutilidade sem sentido. O que existe de tão interessante em ver a vida alheia? Em outros realities shows, como o Supernanny você ainda aprende techniques fajutas e fica se sentindo mais capaz de criar uma criança do que a vizinha que teve cinco filhos e ainda cuidou do sobrinho. Mas e o BBB? Em nove edições eu só aprendi duas coisas: o “Brasil” pensa diferente de mim e sabão em pó mata formigas.

A curiosidade pela vida alheia é o que nos faz colocar a cara pra fora da janela tentando ver o vizinho gritando com o filho. O que pode ser mais ridículo do que isso? Em casos extremos, pode até descambar para crime. Com tanto conteúdo pornográfico disponível na rede, o que levou aqueles caras a colocarem uma câmara escondida no banheiro do um navio? E em banheiro público de metrô também tem gente, como diz o jornalista/apresentador, querendo dar uma espiadinha. Fica aqui a dica: espiar tem limites até para o Boninho. E, por falar em rede, quer um lugar mais impulsionado pelo voyerismo do que a internet?

Bom, vou desde já trabalhar para expurgar essa perversão de dentro de mim e aconselho vocês a fazerem o mesmo. Pelo menos até o BBB 10.

Gente, tô indignada com o Maximiliano achando que o “Brasil” ama ele.

segunda-feira, 6 de abril de 2009

Coisas que coleciono

Tem quem colecione figurinhas, selos, latinhas, carros antigos e até namorados. Já eu coleciono três coisas: frases, propagandas e marcadores de livros. Não me servem pra nada mas, afinal, para que servem as coleções? No fundo não é só pra juntar mesmo? De vez em quando, coleções ganham ares utilitários e são expostas, fazendo com que até museus se formem em volta delas. São raros os casos. Na maioria, as coleções são várias versões de uma mesma coisa, formando um todo inútil.

Ao menos, minhas coleções são adquiridas de forma gratuita. As frases que coleciono podem ser ditas, escutadas, lidas ou pensadas. O meu interlocutor nem desconfia e eu zás: roubo uma frase e coloco em um dos vários caderninhos que me cercam (meus muquitos!).

Quanto aos marcadores, eles me fizeram entrar em um círculo virtuoso. Desde que descobriram que os coleciono, amigos e parentes me trazem de presente de viagem. Isso me torna um fardo a menos: “como é fácil dar presente para ela!”. Assim, sou mais querida, tenho mais amigos e ganho ainda mais marcadores.

Já propagandas eu sempre colecionei (já lancei a sessão “propagandas que coleciono”, muito mais atualizada no twiter). Antes do youtube, porém, guardava-as na memória. Decorava as músicas. Sempre adorei as músicas, até de propagandas que existiram antes que eu existisse. Quem nunca cantou “Voe Vasp. Céu azul, leste, oeste, norte ou sul”, foi mandado para a cama com um “já é hora de dormir, não espere a mamãe mandar”, se divertiu com o gordinho da Honda e seu pijama ou fez pipoca ao som de “pipoca na panela, começa a arrebentar...”. Como colecionadora, afirmo que propaganda para marcar tem que ser extremista, 8 ou 80, fazer rir ou emocionar.

Ainda irei falar das novas, mas não neste post, pois estou saudosista. Talvez escreva uma biografia – minha vida em propagandas.
Como eu disse, coleções são inúteis...

Para relembrar:





sábado, 4 de abril de 2009

O homem do discurso


Deixo aqui minha homenagem a Márcio Moreira Alves que, com coragem e deboche, fez a “gente careta e covarde” da ditadura se borrar tanto que o AI-5 foi proclamado. Um exemplo para todas as pessoas que diante dos abusos cometidos pelos fortes contra os fracos prefere não se envolver.

sexta-feira, 3 de abril de 2009

Manifesto dos Vespertinos


Um espectro ronda o mundo – o espectro dos vespertinos. Todas as potências unem-se numa Santa Aliança para conjurá-lo. Que pessoa que gosta de dormir e acordar tarde não foi acusada de ser vagabunda? É tempo dos vespertinos exporem, à face do mundo inteiro, seu modo de ver, seus fins, suas tendências.

A história de todas as sociedades que existiram até nossos dias tem sido a história da luta de relógios biológicos. A luta entre matutinos e vespertinos. Opressores e oprimidos.

Os matutinos obrigam as nações a adotarem como único horário comercial aquele compreendido entre 9h e 18h. Estabelecem que as aulas devem começar às 7 horas da manhã. Em uma palavra, criam um mundo à sua imagem e semelhança.

Os vespertinos são constrangidos a adotarem, diariamente, horários que agridem cruelmente o seu relógio biológico. Milhares e milhares já tentaram, em vão, adquirir o hábito de dormir e acordar cedo.

Os vespertinos têm o direito de dispor como bem entenderem de suas madrugadas enquanto os matutinos se dão ao direito de dormir. Não se trata de insônia, mas de preferência geneticamente determinada.

Os vespertinos não podem apoderar-se do direito de viver de acordo com sua natureza senão estimulando a criação de serviços 24 horas e de horários comerciais alternativos, das 14h às 22h.

Os matutinos produzem, sobretudo, seus próprios coveiros. Sua queda e a vitória dos vespertinos são igualmente inevitáveis.