sexta-feira, 8 de março de 2013

De novo

Acontece de tempos em tempos. Se me perguntarem pela periodicidade, direi que varia, que depende da lua, da alimentação, da estação do ano, do ano em si, do corte de cabelo, da cor das unhas e talvez, até, do funcionamento intestinal. Com certeza, tem muita relação com o sono ou a ausência dele. Mas, indefectivelmente, acontece. Desconfio que se trata de um corrosivo processo químico no qual sou tanto reagente quanto produto resultante. Sempre começa com inquietude, com um estranhamento, e vira desconforto, desembocando em angústia. Ora me sinto grande e desengonçada, ora pequena e desaparecida nessa roupa-mundo. Depois, agarro eu mesma minha garganta e estrangulo-me, tento arrancar meus olhos, puxo meus cabelos, quebro minhas mãos, luto interminavelmente comigo e me odeio, odeio, odeio. Exausta, caio em um resignado silêncio que pode durar dias, semanas. Não sei porque insisto em lutar comigo se já sei que vou perder no final. E ai minha pele começa a descascar, esfarelar, desmanchar e não me deixa outra escolha a não ser renascer. Acontece de tempos em tempos e há muito pesquiso uma fórmula-antídoto. Quando encontrar, darei a ela o nome de "serenidade". 

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