segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

Ilha de Boipeba


Feche os olhos. Imagine o mar mais azul, os coqueiros mais verdes, o sol mais forte (amenizado pelos ventos mais generosos), as frutas mais doces, os peixes mais saborosos, o povo mais gentil, as crianças mais alegres e você terá uma vaga ideia de onde estou. Por mais incrível que pareça, confesso que, nos primeiros dias, tal magnitude afrontou-me, debochando de minha incapacidade de compreender. Meus olhos destreinados cansavam-se de tanto olhar e, ansiosos por olharem mais, por olharem tudo, frustravam-se. E eu sufocava.

Agora, a beleza não mais me sufoca. Não digo que me acostumei a ponto de não mais me emocionar ou de transformar paisagens em corriqueiros cenários para a encenação de meu cotidiano. Abri mão, no entanto, de racionalizar, de apreender pela compreensão. No momento, consigo apenas sentir. Sinto-me imersa no presente, ausente de lembranças ou de projetos. Pouco de antes – alguns afetos que carrego onde quer que esteja – e nada de depois. Desfruto o instante soberano: todo-poderoso a me conduzir por caminho nenhum. Acredito que é a esse sentimento que se dá o nome de paz.

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