segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Relógio


Ô moço, vim devolver esse relógio. Você disse que ele era de nova geração, que só faltava falar. Achei que, finalmente, teria um relógio que aceitasse minhas ordens. Mas não... Esse danado é como os outros. Um insubordinado!

É só perceber que estou com pressa, que ele começa a bater mais devagar. Quando o fim do horário de trabalho se aproxima, ele fica leeeento, leeento. Quando é hora de encontrar o meu amor, então, o desgraçado praticamente não se mexe. Mas quando estou atrasada... Ah, moço! Aí é sebo nas canelas. Ele desanda a correr feito um louco só pelo prazer de me ver levar a fama de deixar as pessoas esperando. Não dá pra conviver com um relógio que está sempre contra a minha vontade! Custava ceder só um pouquinho?

O homem já foi à Lua, já descobriu a cura de várias doenças, está desvendando o código genético... Quando é que vão inventar um relógio que no lugar de angústia traga alívio?

Um comentário:

  1. é sempre uma delícia passar por aqui.
    adoro texto novo,nem todos, os seus.

    Se encontrar tal relógio, arrume um tempo prá me avisar. Eu também preciso de um.

    beijos apressados

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