quarta-feira, 7 de julho de 2010

Rasteiras

Texto da Missa de 7o Dia (para Clarissa, Daniel e Dona Vilma)

Rasteiras na morte. É o que dá desde a juventude essa pessoa tantas vezes rebatizada: Dite, Dinha, Key, Didi (como será que lhe chamam agora os anjos?).

Para os amigos, confidente leal. Da família, defensora incondicional – sempre a perdoar nossos defeitos. Da Companhia Telefônica, cliente ouro. Pelo fio do aparelho tudo sabia. Distribuía amor e conselhos. Quem aqui não teve um pouquinho que seja da vida acompanhada por ela? Corpo franzino que tantas vezes foi a nossa fortaleza! Generosidade que conquistava amigos de todos os tipos, idades, credos, classes sociais... todos cabiam em seu coração.

Para mim, foi muito mais. Ao seu lado, conheci o significado da palavra mãe. Agradeço os cuidados na infância, o porto-seguro na adolescência e a amizade na vida adulta. Agradeço por ter me preparado para tudo, menos para esse momento.

Agradeço também, em nome de toda a minha família, ao carinho e ao apoio de todos aqui presentes, ao padre – que respeitosamente chamamos de Ricardo – e às freiras do convento das Clarissas por sempre terem orado por nós, quando ela assim pedia, e por terem aberto esse espaço tão especial para nos acolher.

Rasteira. É o que hoje damos na morte, pois, em cada um de nós, Dite, Dinha, Key ou Didi viverá eternamente. Descanse no colo de Nossa Senhora e vele por seus amigos e por sua família que tanto te amam.

3 comentários:

  1. Jubico, eh realmente um privilegio ter conhecido Didi. Mais privilegio ainda saber que foi ela quem cuidou de voce como mae tao querida! A dedicacao era tanta que o melhor presente era felicita-la no dias das Maes. Sinto na palavra de todos uma grande preocupacao com voce nesta travessia tao dura. Nos todos somados nao poderemos suprir esta ausencia, mas ajuda neh?

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  2. Júlia, você é mesmo um exemplo.
    Há dois anos perdi minha tia mais querida, aquela que muitas vezes foi minha mãe também, me ensinou a colorir, acompanhava nos para-casa...
    Tenho um rascunho sobre ela que nunca consigo acabar, mesmo sabendo que escrever é um exercício que acalma a dor.
    A lembrança mais doce que tenho da Key foi aquele dia que eu estava com a Miki pela savassi e nos encontramos com você e ela, estavam indo comprar um presente. Ela docemente perguntou para a Miki se ela sabia diferenciar japoneses de chineses. Miki perguntou o nome dela, ela respondeu e disse que preferia ser chamada pelo nome que você havia dado a ela - Key.
    Ficamos encantados, a vontade era de conversar a tarde inteira ali de pé na calçada, nós quatro. Prá mim era um exemplo de doçura e elegância, sempre me lembrou Chanel.

    Mais uma vez, seu texto é de encher os olhos.

    um abraço de verdade,
    Flavinho

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  3. julia, chorei com este texto. Sei exatamente o que é isto.Sua Didi e a minha Indinha se confundem de tão iguais. Adorei seu blog. E sabe como eu chamo a Beatriz nas horas carinhosas??Berenice,rs...Beijos,linda. Quando quiser um colinho,eu tenho.

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