terça-feira, 1 de novembro de 2011

Procura-se

Estou sentindo muito a minha falta. Desde que parti, procuro-me em todos os cantos. Já espalhei fotos minhas pela vizinhança e ofereço uma boa recompensa a quem me encontrar. Tão logo sumi, fui até a polícia à minha procura. Estava desesperada atrás de mim e, gaguejando, contei como foi:

- Saí hoje cedo dizendo que voltava logo e nunca mais apareci. Foi ficando tarde e eu esperando aflita um telefonema que seja! Nem sinal de mim.

Frio e calculista o delegado informou:

- É necessário esperar 24 horas para configurar um desaparecimento.

Eu protestei:

- Mas é muito tempo, doutor! E se nunca mais eu for encontrada?

Ele deu de ombros. Eu fui por conta própria me procurar na casa de amigos, nos lugares que costumava frequentar. Rodei a madrugada inteira e nem sombra de mim. No dia seguinte, novamente na delegacia:

- Agora estou oficialmente desaparecida!

- Tudo bem, tudo bem... A senhora deu algum sinal de que iria sumir? Estava com problemas?

- Não que eu tenha notado. Eu sou uma pessoa muito responsável e sempre tive um relacionamento muito aberto comigo. Acho que se tivesse com problemas eu teria me contado.

- Sei..., mas a maioria das pessoas desaparece porque quer, minha senhora.

- Não é o meu caso! Tenho certeza que aconteceu alguma coisa grave, doutor. Eu jamais desapareceria assim, me deixando tão aflita!

- O que podemos fazer é te colocar na lista dos desaparecidos e começar a busca. É muito importante que a senhora mantenha a calma. Não posso prometer nada, mas faremos de tudo para encontrá-la.

Já se passou tanto tempo desde essa conversa, que estou perdendo as esperanças. O meu maior medo é que, caso seja encontrada, eu não mais me reconheça.

3 comentários:

  1. Julia, voce esta escrevendo cada vez melhor. Vamos fazer umas adaptacoes do seu texto pro cinema. Eu posso ser ator. Beijos. Nelson Wander.

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