Por vinte anos tive uma amiga querida. Ela era inteligente, divertida e animada. Amiga para momentos bons e ruins. Tinha defeitos tão terríveis quanto suas qualidades, é verdade. Mas também os tenho e também são enormes. Diante de minha falta de moral no assunto, relevava sua futilidade e língua afiada. Sabe-se lá quantas coisas terríveis ela também relevou para ser minha amiga por tanto tempo. O certo é que nutríamos uma pela outra amizade e afeto sinceros.
Sempre, no entanto, existiu entre nós uma questão: ela era fascista. Todos os fios de seus cabelos loiros eram de extrema direita e sua metralhadora verbal voltava-se aos negros, pobres, gays, mulheres(!) e surdos. Sim, surdos. Digo era porque hoje não sei mais. Tenho esperanças que as pessoas mudem. Alexandre não. “Sou pessimista”, ele informou da última vez que nos encontramos, barrando mais um momento tudo-vai-dar-certo-tenho-certeza. Mas eu tenho fé na evolução da espécie. Outro dia meu pai perguntou: “o que estamos fazendo pela evolução da espécie?“. Murchei. Penso que estou fazendo muito pouco.
Da amiga em questão, eu me afastei. A briga foi séria e definitiva. O que no início era um incômodo, tornou-se uma diferença irreconciliável. Não tinha como relevar mais. Relevar era negar os meus mais profundos princípios. A amiga antes divertida, passou a me dar náuseas.
Para os que insistem em questionar - “você perdeu uma amiga por isso?” - eu tenho o prazer de reafirmar: “Isso” não é tudo, mas é muito. Diz do caráter, da visão de mundo e até da inteligência.
Acho que evolui.
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirSem dúvida alguma vc evoluiu. E evoluiu o mundo. Tb deixo pra trás sem culpa amigos que me desconstroem por motivos pobres. É libertador ;)
ResponderExcluirMas veja pelo lado positivo: voce ganhou uma amiga de fios de cabelos ruivos com metralhadora verbal sexual sem preconceitos e q vai de dar náuses por falar tanta putaria. adeus. #muahahaha
eh a pura necessidade do adeus eterno!!!!
ResponderExcluir