sexta-feira, 11 de novembro de 2011

Espectadora

Entre eu e o mundo uma vidraça (quem a colocou aqui?). A vida está em uma vitrine, um aquário. O desenrolar da humanidade é, para mim, paisagem. E passa distante: não me toca, não me atinge. Faz sol, as crianças correm, as mulheres sorriem, os homens bebem. Sou alheia a toda essa pulsação vital (será que essas pessoas sabem que vivem?). Escolho o papel de público. Uma forçada, impaciente e desinteressada espectadora. Percebo que eu até pertenço a esse mundo. Sou dele componente. Estou em sua engrenagem. É o mundo pela vidraça que não pertence a mim. Tenho outras cores, outros sons e outros sabores. Contrários, estranhos. Vejo o mundo por uma vidraça e pergunto-me: de qual lado está a realidade?

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