terça-feira, 21 de setembro de 2010

Curtas da Saudade

  • Saudade não é sentimento, estado, condição ou poesia. Saudade é urgência.
  • O contrário da alegria não é a tristeza, mas a saudade.
  • Antes a saudade me queimando a alma, do que o deserto que é nada sentir.
  • Foi solenemente condenada à saudade eterna por ter infringido as leis do amor: amou mais mais do que nela cabia.

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

O Mar


Ele é meu porque o escolhi (certas vezes me pergunto se não fui eu a escolhida). Ele não é mais bonito, mais quente ou mais transparente que os demais. E, ainda, pode ser tão traiçoeiro quanto qualquer um deles. Ele, porém, tem o que nenhum outro tem: é meu. Não de forma exclusiva como suplicam os amores egoístas. Entendo, sem relutância, que ele não é só meu, mas é meu também e isso me basta.

Ano após ano, ele me promete a renovação. Carrega, ora com ternura, ora com violência, tudo aquilo que não faz mais sentido levar comigo. Faz isso só para provar que me ama também. Só para que, ao seu lado, eu esteja em casa. E consegue. Aqui, não sou mancha no contexto - elemento incômodo que, por mais que se esforce, não se encaixa. Aqui, sou parte. Sou eu mesma a paisagem. A areia, fina e branca, é das minhas pernas prolongamento. As gaivotas riem para mim enquanto voam em busca de peixe, o vento faz cócegas em minhas orelhas e as dunas me chamam em coro: vem menina! vem depressa! suba e desça correndo! esperamos tanto você voltar... E o Mar me conta os segredos das sereias e me dá conselhos. Refresca minha mente e minha alma.

Às vezes, é severo, me ensinando que constante candura não é sinônimo de amor maior, mas de preocupação pouca. Quando acha necessário, aponta para o Forte construído nas pedras e me diz que, há séculos, bate contra ele com as mais violentas ondas que possuí e que nunca, nem uma única vez, ele se abalou. É o jeito do Mar dizer que devo ser eu também uma fortaleza. É a sua forma de pedir para que eu não me abale nem diante das mais violentas ondas. E eu prometo ser o Forte mesmo quando me sentir brisa. Não quero desapontá-lo, afinal, ele tem o que nenhum outro tem: é meu.

sábado, 11 de setembro de 2010

Corremos

Do que corre a menina?
Enquanto corre pensa que voa? Talvez não.
Voar é leve. Voar é pluma. Voar é redenção.
Correr é duro. Correr é aço. Correr é desespero.
Do que corre, então, a menina?
Ora, do que corremos todos nós?
Dos temores secretos, dos sonhos frustrados, da morte implacável.
Corremos da miséria, da maldade e da fome.
Corremos da nossa mediocridade e das nossas inseguranças.
Todos sabemos porque corremos.
A grande questão é: para onde?