segunda-feira, 26 de julho de 2010

Luto(a)

Converso, saio, encontro amigos, trabalho e escrevo.
Vou à lona. “Um, dois, três, quatro, cinco, seis, sete...”. Levanto novamente.

Tomo café, brinco, assisto filmes, recebo irmão e janto.
Vou à lona. “Um, dois, três, quatro, cinco, seis...”. Levanto novamente.

Abraço, beijo, bebo, respondo e-mails, jogo futebol e danço
Vou à lona. “Um, dois, três, quatro, cinco...”. Levanto novamente.

Olho à minha volta. Na arquibancada lotada, todos torcem por mim.
Dessa vez, cambaleio, mas não caio.

Estudo, leio, rio, telefono, como melancia e vejo TV.
Vou à lona. “Um, dois, três, quatro...” Levanto novamente. Cansada, pergunto se ainda vai demorar muito. “Esse é apenas o primeiro round, minha filha”.

Folheio revistas, releio cartas, faço fofoca, sinto saudade e invento histórias.
Vou à lona. “Um, dois, três...”. Levanto novamente.

Consigo, de relance, ver meu adversário. Rosto familiar que reconheceria no espelho. Face dos meus temores mais íntimos, da minha inconformidade. Sempre lutamos, mas nunca tanto assim... De qualquer forma, sei que essa luta não terminará em nocaute. Notaram que estou levantando cada vez mais rápido?

3 comentários:

  1. Amore voce sempre surpreende. Admiracao nao tem tamanho. Nem a vontade de carregar este sofrimento pra voce.

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  2. Meio que distante eu tô na arquibancada, torcendo por você de pompom e tudo.

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