Tenho lido várias coisas sobre a prisão do Emicida em Belo Horizonte. A mais esdrúxula delas – depois do B.O fabricado, claro – dizia que o rapper queria se promover à custa do episódio. Por isso, começo dizendo que quando foi informado que seria preso, Emicida comportou-se como qualquer um de nós se comportaria. Era evidente em seu rosto que ele estava surpreso, apreensivo e indignado. Se esse episódio trouxe para ele alguma visibilidade, essa foi conseqüência da ação da PM e, de forma alguma, do músico. O que Emicida desejava não era ser preso, mas ir para o hotel descansar depois do showzaço que fez na cidade.
Um pouco antes de anunciar a principal atração do evento, PDR leu um texto que dizia mais ou menos assim: “Sexta-feira passada a comunidade Eliana Silva, aqui no Barreiro, sofreu uma ação violenta de desocupação. Agora, cerca de 300 famílias estão ao relento. O Palco Hip Hop se solidariza com a luta e com a resistência dessas pessoas. Somos todos Eliana Silva!”. Na sequencia, subindo ao palco, Emicida repetiu: “Somos todos Eliana Silva!”. O público, até então apático diante do primeiro grito de solidariedade, respondeu com entusiasmo. Diante do ídolo de braços erguidos, todos sentiram-se Eliana Silva, alguns se compadeceram do sofrimento de quem perde sua moradia. Com o meu pouco conhecimento da cultura hip hop, só ali entendi a importância do Emicida não apenas como símbolo de uma identidade periférica, mas como porta-voz daqueles que ninguém mais escuta. A ode libertária coletiva continuou com os primeiros versos de “Dedo na Ferida”. Qual jovem negro e pobre nunca quis mandar, a plenos pulmões e com dedo do meio em riste, a polícia e os políticos se fuderem? A música – e que se danem os críticos de plantão a tudo o que é popular – é redenção comunitária.
Vários dos policiais que faziam a segurança do local, no entanto, tinham participado da desocupação da comunidade e sentiram-se pessoalmente feridos. A impressão de quem estava nos bastidores foi que o suposto desacato era mais pretexto que motivo. Começou uma extensa e tensa negociação. De um lado, a PM dava mostras de que estava irredutível, do outro, a organização do evento apresentava argumentos legais a favor da liberdade de expressão e atentava para o fato da repercussão que essa prisão traria.
PAUSA PARA MOMENTO MOBILIZAÇÃO: Um pouco antes do show acabar, desesperada com a situação, eu liguei para o Rafael Barros que me colocou em contato com o Joviano, das Brigadas Populares. A partir daí, várias pessoas começaram a me ligar. Do outro lado da linha, solidariedade e instruções de como agir. Foi aconchegante e mágico descobrir que existe uma eficiente rede do bem. Foi Joviano quem mandou o advogado que, brilhantemente, intermediou toda a situação. Diante de cerca de trinta policiais de colete e armados, eu me senti forte.
Foi da polícia que partiu a sugestão: Emicida não seria preso caso se retratasse no palco. Como disse antes, Emicida não queria ser preso. Queria ir para o hotel, descansar, tomar banho, quem sabe ligar para a sua mãe. Ele estava nitidamente assustado, mas nem titubeou em rejeitar a possibilidade de retratação. Poucas são as pessoas com quem a PM quer negociar e menos ainda aquelas que, de peito aberto e cabeça erguida, dizem “não”. Ali, eu também entendi que não se chega à posição de ídolo e de porta-voz traindo seu público e, principalmente, seus ideais. Fomos todos para a delegacia.
Desse ponto em diante, a história está nos jornais, muitas vezes distorcida. Vale dizer que as pessoas da Eliana Silva – que foram para a porta da delegacia prestar solidariedade ao rapper – continuam ao relento.
Alguns amigos e até desconhecidos me dizem que espero algo que nunca vai acontecer, meio naquela de: “o mundo é assim mesmo”. Essas pessoas, na verdade, me conhecem pouco. O que desejo está muitíssimo além do que elas imaginam. O mundo no qual eu quero viver prescinde de leis para que exista justiça. Esperar que a polícia aja em conformidade com as leis, de forma ética, nunca movida por interesses pessoais, protegendo os mais fracos e evitando o uso de violência não é utopia. É o mínimo.
Um pouco antes de anunciar a principal atração do evento, PDR leu um texto que dizia mais ou menos assim: “Sexta-feira passada a comunidade Eliana Silva, aqui no Barreiro, sofreu uma ação violenta de desocupação. Agora, cerca de 300 famílias estão ao relento. O Palco Hip Hop se solidariza com a luta e com a resistência dessas pessoas. Somos todos Eliana Silva!”. Na sequencia, subindo ao palco, Emicida repetiu: “Somos todos Eliana Silva!”. O público, até então apático diante do primeiro grito de solidariedade, respondeu com entusiasmo. Diante do ídolo de braços erguidos, todos sentiram-se Eliana Silva, alguns se compadeceram do sofrimento de quem perde sua moradia. Com o meu pouco conhecimento da cultura hip hop, só ali entendi a importância do Emicida não apenas como símbolo de uma identidade periférica, mas como porta-voz daqueles que ninguém mais escuta. A ode libertária coletiva continuou com os primeiros versos de “Dedo na Ferida”. Qual jovem negro e pobre nunca quis mandar, a plenos pulmões e com dedo do meio em riste, a polícia e os políticos se fuderem? A música – e que se danem os críticos de plantão a tudo o que é popular – é redenção comunitária.
Vários dos policiais que faziam a segurança do local, no entanto, tinham participado da desocupação da comunidade e sentiram-se pessoalmente feridos. A impressão de quem estava nos bastidores foi que o suposto desacato era mais pretexto que motivo. Começou uma extensa e tensa negociação. De um lado, a PM dava mostras de que estava irredutível, do outro, a organização do evento apresentava argumentos legais a favor da liberdade de expressão e atentava para o fato da repercussão que essa prisão traria.
PAUSA PARA MOMENTO MOBILIZAÇÃO: Um pouco antes do show acabar, desesperada com a situação, eu liguei para o Rafael Barros que me colocou em contato com o Joviano, das Brigadas Populares. A partir daí, várias pessoas começaram a me ligar. Do outro lado da linha, solidariedade e instruções de como agir. Foi aconchegante e mágico descobrir que existe uma eficiente rede do bem. Foi Joviano quem mandou o advogado que, brilhantemente, intermediou toda a situação. Diante de cerca de trinta policiais de colete e armados, eu me senti forte.
Foi da polícia que partiu a sugestão: Emicida não seria preso caso se retratasse no palco. Como disse antes, Emicida não queria ser preso. Queria ir para o hotel, descansar, tomar banho, quem sabe ligar para a sua mãe. Ele estava nitidamente assustado, mas nem titubeou em rejeitar a possibilidade de retratação. Poucas são as pessoas com quem a PM quer negociar e menos ainda aquelas que, de peito aberto e cabeça erguida, dizem “não”. Ali, eu também entendi que não se chega à posição de ídolo e de porta-voz traindo seu público e, principalmente, seus ideais. Fomos todos para a delegacia.
Desse ponto em diante, a história está nos jornais, muitas vezes distorcida. Vale dizer que as pessoas da Eliana Silva – que foram para a porta da delegacia prestar solidariedade ao rapper – continuam ao relento.
Alguns amigos e até desconhecidos me dizem que espero algo que nunca vai acontecer, meio naquela de: “o mundo é assim mesmo”. Essas pessoas, na verdade, me conhecem pouco. O que desejo está muitíssimo além do que elas imaginam. O mundo no qual eu quero viver prescinde de leis para que exista justiça. Esperar que a polícia aja em conformidade com as leis, de forma ética, nunca movida por interesses pessoais, protegendo os mais fracos e evitando o uso de violência não é utopia. É o mínimo.
rede é o nome da gente, querida! acabei de pensar quem foi essa Eliana Silva, Julia... bora tentar descobrir? beijo
ResponderExcluirEmicida ja ganhou atravez da sua musica: TRIUNFO....enquanto outros idiotas geram mais pobreza......
ResponderExcluir