Não tente mergulhar em mim.
Carrego no peito uma placa que diz em letras garrafais: “Proibido ultrapassar”.
Sendo assim, não ouse, não force, jamais invada.
Deixe minha máscara onde ela está.
E não me desnude com sua impertinência.
Não tente mergulhar em mim.
Medos e sonhos são reservados a poucos.Escolhidos a dedo.
A você, nada além de trivialidades.
Devaneios sobre vestidos de primavera ou aventuras de verão.
Contente-se com a epiderme.
Não tente mergulhar em mim.
Dessa porta, você não carrega a chave.
domingo, 30 de maio de 2010
sábado, 22 de maio de 2010
Estação
Na estação deserta,
Cheia de esperança, mala azul desbotada, sapato vermelho, casaco marrom, laço no cabelo.
Espera, espera, espera.
Senta, levanta, olha a estrada.
O relógio grande de metal da parede faz tic-tac, tic-tac
e tic-tacteia o tempo.
Tic-tacteia sua ansiedade.
O trem velho aparece em câmera lenta.
Mãos geladas, coração acelerado, respiração interrompida.
Desce a velha, a criança, o bêbado.
Ninguém mais.
Ninguém não veio.
Desembarcou na estação errada.
Cheia de esperança, mala azul desbotada, sapato vermelho, casaco marrom, laço no cabelo.
Espera, espera, espera.
Senta, levanta, olha a estrada.
O relógio grande de metal da parede faz tic-tac, tic-tac
e tic-tacteia o tempo.
Tic-tacteia sua ansiedade.
O trem velho aparece em câmera lenta.
Mãos geladas, coração acelerado, respiração interrompida.
Desce a velha, a criança, o bêbado.
Ninguém mais.
Ninguém não veio.
Desembarcou na estação errada.
domingo, 2 de maio de 2010
Brado mudo
Na última sexta-feira, acordei com vergonha de ser brasileira. Daqui a pouco estarei em Buenos Aires e talvez fique por lá mesmo. Certamente, torcerei para o Chile na próxima Copa do Mundo. O motivo? Porque somos o país do “pra debaixo do tapete”. É assim que resolvemos nossas questões e conflitos. É assim que pretendemos seguir adiante. Foi o que demonstrou, mais uma vez, o STF ao se recusar a revisar a Lei da Anistia. Torturadores e estupradores, sob a benção oficial, permanecerão sem serem julgados.
Um dos pronunciamentos mais infelizes foi o de Ellen: “não é possível viver retroativamente a história”. Poupe-nos, ministra! Enquanto os arquivos não forem abertos e os responsáveis não forem julgados, a ditadura militar será uma história ainda vivida e não passada. Dilma também escorregou (talvez, no seu próprio passado) e disse ser contra o “revanchismo”. Já as famílias de torturados e desaparecidos preferem chamar de justiça.
Enfim, na última sexta-feira acordei com vergonha de ser brasileira. O brado retumbante deste povo “heróico” há muito se calou.
Veja a sensacional "Campanha pela Memória e pela Verdade" feita pela OAB-RJ: http://www.youtube.com/watch?v=b_lrjkAWAZk&feature=related
Um dos pronunciamentos mais infelizes foi o de Ellen: “não é possível viver retroativamente a história”. Poupe-nos, ministra! Enquanto os arquivos não forem abertos e os responsáveis não forem julgados, a ditadura militar será uma história ainda vivida e não passada. Dilma também escorregou (talvez, no seu próprio passado) e disse ser contra o “revanchismo”. Já as famílias de torturados e desaparecidos preferem chamar de justiça.
Enfim, na última sexta-feira acordei com vergonha de ser brasileira. O brado retumbante deste povo “heróico” há muito se calou.
Veja a sensacional "Campanha pela Memória e pela Verdade" feita pela OAB-RJ: http://www.youtube.com/watch?v=b_lrjkAWAZk&feature=related
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