sexta-feira, 24 de agosto de 2012
Onde está?
Onde está a felicidade?
Você a perdeu?
Tenho certeza que deixei aqui em algum lugar.
Eu te vi mesmo com ela. Tô lembrando...
Não viu? Agora eu não consigo mais achar.
Vi sim. Tava na sua mão.
Mas eu perdi. Não consigo achar de jeito nenhum.
Já olhou na gaveta?
Olhei em todos os lugares.
Você perde tudo...
Vai ficar me acusando?
É uma constatação: não pode colocar nada na sua mão que você perde.
De que adianta me recriminar? A felicidade sumiu!
Mas você tem que ter responsabilidade com as coisas!
Vai ver foi você quem pegou!
Eu?
É. Você escondeu a felicidade de mim!
Por que eu faria isso?
Pra me jogar na cara que eu perco tudo.
Eu devia era ter escondido mesmo. Assim, saberíamos onde ela está.
(...)
O que?
Preciso dela.
É importante?
Muito.
Jura que é importante pra você?
Juro.
Então eu vou te arrumar outra. Maior e mais bonita. Você nem vai se lembrar dessa que perdeu.
Promete?
Prometo. Agora pode parar de chorar.
sexta-feira, 3 de agosto de 2012
Quando
Quando o mundo fica cinza e deserto e chato e parecendo que estou boiando meio que desligada de tudo, acontece a mesma coisa. Desde que te conheço – há quantos anos te conheço? – é a mesma coisa que acontece: você aparece com esse jeito mais doce de me lembrar que se importa. Você sempre se importa, porque me ama, me admira e me poetiza (e me faz sentir uma fraude, é verdade). E ai você tem essa mania de vir me salvar mesmo quando eu não peço.
Li o bilhete e chorei, mas não respondi por que deu um nó tão grande na garganta que eu não dei conta de desatá-lo para colocar em palavras. Queria revelar – sob a pena de partir suas ilusões com um machado imaginário gigantesco – que eu não sou corajosa. Gostaria de ser, mas tenho medo de escuro (e do monstro no armário, lembra?). Tenho medo também de nunca mais termos na vida aquelas tardes à toa, fumando, escutando música e tendo o tempo inteirinho nas mãos e pela frente (confesso que sinto uma saudade especial dos meninos e do tanto que eles nos faziam sofrer sem que, no fundo, tenhamos algum dia sofrido realmente).
É você que sempre me faz voltar aqui e é também você que, muitas vezes, me faz voltar a mim.
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